Cerveró fica calado sobre compra da refinaria de Pasadena, nos EUA

Ex-diretor da Petrobras havia dito que responderia a todas as questões que lhe fossem feitas
Folhapress
Publicado em 28/01/2015 às 17:58
Ex-diretor da Petrobras havia dito que responderia a todas as questões que lhe fossem feitas Foto: Foto: Antônio Cruz/ABr


Em novo depoimento à Polícia Federal nesta quarta (28), o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró resolveu ficar em silêncio e não deu explicações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

A compra está sob investigação da Polícia Federal. A transação, feita em 2006 pelo comando do ex-diretor, resultou em prejuízo de US$ 792 milhões à estatal, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).

Preso desde o último dia 14 na Superintendência da PF em Curitiba, Cerveró, que já é réu numa ação penal por corrupção na Petrobras, havia dito que responderia a todas as questões que lhe fossem feitas. Depois, mudou de estratégia.

Nesta quarta, em cerca de uma hora e meia de depoimento, Cerveró se limitou a respondeu que iria "utilizar o direito de permanecer em silêncio".

Foi uma decisão da defesa. "Enquanto não for julgada a exceção de suspeição do juiz, ele não se manifesta", afirmou o advogado do ex-diretor, Edson Ribeiro.

Os advogados argumentam que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, não deve julgar a causa, já que os fatos pelos quais Cerveró é investigado aconteceram no Rio de Janeiro, e não em Curitiba.

Além disso, Ribeiro afirma que Moro se mostrou "totalmente suspeito e impedido" de julgar o processo. "O juiz fez uma manifestação no processo [durante o julgamento da prisão preventiva de Cerveró] em que antecipou sua convicção com relação à responsabilidade penal do Nestor", disse o advogado à reportagem. "Eu não vou ficar legitimando algo que eu acho que está totalmente errado."

ARGUMENTOS
Em defesa protocolada no Tribunal Regional Federal, os advogados de Cerveró atribuíram a responsabilidade pela compra da refinaria de Pasadena ao Conselho de Administração da Petrobras, na época presidido por Dilma Rousseff.

Segundo um laudo encomendado pela defesa e assinado pelo advogado André Saddy, o órgão foi "negligente" e cometeu uma "grave falha".

Cerveró está preso preventivamente por suspeita de ocultação de patrimônio e possível tentativa de fuga. O ex-diretor, detido no aeroporto do Rio quando voltava de Londres, transferiu imóveis aos seus filhos e tentou resgatar um plano de previdência privada, o que foi interpretado pelo Ministério Público como tentativa de blindar seu patrimônio.

A defesa de Cerveró nega "veementemente" irregularidades e diz que a prisão dele "não tem cabimento".

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