Responsável por conduzir a negociação entre o governo e as centrais sindicais em torno das mudanças no acesso a benefícios trabalhistas, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou nesta quinta-feira (29) que o governo poderá ceder aos apelos dos trabalhadores e fazer alterações nas propostas.
"Esse diálogo com as centrais que nós abrimos, é um diálogo de duas mãos. Estamos convencidos da qualidade das medidas e das necessidades das medidas mas estamos sim em um processo de diálogo com as centrais. [...] É evidente que as medidas podem ser qualificadas, podem ser ajustadas e acreditamos que o diálogo pode sustentar isso", afirmou.
Como a Folha de S.Paulo mostrou na última terça-feira (27), o governo já admite reservadamente que vai ceder às centrais sindicais e rever parte das mudanças nas regras do seguro-desemprego que endureceram o acesso ao benefício trabalhista.
Segundo a reportagem apurou, a equipe da presidente Dilma chegou à conclusão de que, sem alterações, a medida provisória que restringiu o benefício não será aprovada no Congresso.
O governo avalia que será necessário apresentar propostas mais claras às centrais do que pode ser modificado. Rossetto e os ministros Carlos Gabas (Previdência Social), Nelson Barbosa (Planejamento, Orçamento e Gestão) e Manoel Dias (Trabalho e Emprego) voltam a se reunir com os sindicalistas na próxima terça-feira (3) em São Paulo.
Ajustes na economia
Rossetto participou de um café da manhã com blogueiros no Palácio do Planalto nesta quinta. Durante a conversa, o ministro ouviu reclamações e cobranças sobre os ajustes feitos pelo governo na economia.
Os blogueiros cobraram uma sinalização do governo para medidas "mais à esquerda", como por exemplo, a taxação de grandes fortunas e a intensificação da reforma agrária no país ao invés do aumento da taxa de juros.
No esteio do que pediu a presidente Dilma Rousseff em seu discurso na última terça, para que os ministros expliquem à sociedade as medidas que estão sendo tomadas em seu início de governo, Rossetto defendeu os ajustes econômicos ao afirmar que eles não representam rupturas em relação aos governos petistas anteriores.
"Esta trajetória que representa nossos compromissos com o povo vai continuar. Não há nenhuma alteração nessa rota de compromisso. Esta é uma rota, um compromisso absolutamente sólido", disse.
Segundo o ministro, o governo federal utilizou corretamente recursos federais para absorver impactos de problemas internos e externos nos anos passados.
"Um governo tem que ter capacidade de modulação das suas políticas frente a essas realidades para sustentar as estratégias de crescimento, para preservar uma estratégia de geração de emprego e para sustentar seus investimentos. Essas medidas com este calibre tem como objetivo preservar uma fortaleza fiscal do governo que permita com que ele dê continuidade aos programas", afirmou.