O comissário europeu de Assuntos Econômicos e Financeiros, Pierre Moscovici, declarou nesta terça-feira à AFP que as negociações sobre a ajuda à Grécia devem ser realizadas no âmbito do programa em vigor, com o qual Atenas quer romper.
"Devemos negociar em um marco coletivo, comum, que já existe, que é o do programa em curso", disse em Istambul, onde foi realizada a reunião do G20 Financeiro.
"Este programa continua sendo nossa âncora, nossa bússola e nossa referência", afirmou Moscovici.
Os ministros de Economia da zona do euro devem se reunir na quarta-feira em Bruxelas para discutir o plano de resgate grego com o novo governo de Atenas, encabeçado pelo líder anti-austeridade Alexis Tsipras.
Em troca de uma ajuda de 200 bilhões de euros entregue em parcelas desde 2010, a Grécia se comprometeu com a Comissão Europeia, com o Fundo Monetário Internacional e com o Banco Central Europeu a manter uma rigorosa disciplina orçamentária e a adotar duras reformas.
O novo executivo grego pretende romper esses acordos fechados pelo governo anterior e pede uma ajuda financeira enquanto prepara um novo programa de reformas e tenta renegociar a dívida.
Sem apoio internacional e sem a ajuda prevista para o final de fevereiro, a Grécia poderá cair em moratória.
"Quando um povo expressa um desejo de mudança, não podemos rejeitá-lo", declarou Moscovici, para quem "o governo grego deve ser consciente de que também há eleitores na Alemanha, na Itália, na França, na Finlândia e na Eslovênia".
Pouco antes dessas declarações do comissário europeu, o ministro da Economia alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou que a União Europeia não negocia um novo programa de reformas com a Grécia, ressaltando que os acordos fechados em 2010 e 2012 continuam vigentes.
Moscovici considerou que a reunião do Eurogrupo prevista para 16 de fevereiro será "decisiva". O programa de ajuda em curso expira no dia 28 de fevereiro.