'Chocante', diz Joaquim Barbosa sobre depoimento de Pedro Barusco à CPI

Barusco, que admite o recebimento de propinas e a divisão delas com o PT, contou que providenciou o repasse de US$ 300 mil para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010
Da Folhapress
Publicado em 11/03/2015 às 10:46
Barusco, que admite o recebimento de propinas e a divisão delas com o PT, contou que providenciou o repasse de US$ 300 mil para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 Foto: Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF


O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa classificou como "chocante" o depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, na terça-feira (10), à CPI criada na Câmara dos Deputados para apurar irregularidades na estatal.

Barbosa foi ao Twitter na madrugada desta quarta-feira (11) comentar o depoimento. "Como milhões de brasileiros, vi a programação da TV Câmara ontem. Chocante", escreveu.

Barusco, que admite o recebimento de propinas e a divisão delas com o PT, detalhou na terça seu relacionamento com o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto -citando jantares em hotéis e contatos por mensagens telefônicas- e contou que, a pedido do petista, providenciou o repasse de US$ 300 mil para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.

O ex-gerente também revelou que o Ministério Público está fazendo o levantamento dos registros telefônicos, para fazer o cruzamento e comprovar esse elo com Vaccari. O telefone que usava na época, porém, era seu funcional, e não pessoal -por isso diz não ter mais detalhes. Ele ainda confirmou que começou a receber propina da SBM entre 1997 e 1998, época da gestão Fernando Henrique Cardoso, mas não entrou em detalhes porque, segundo ele, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Justiça holandesa.

A secretaria de Finanças do PT -chefiada por Vaccari Neto- contestou o depoimento afirmando que Barusco não apresentou prova ou indício que liguem o tesoureiro do partido ao recebimento de propinas.

Antes de postar a mensagem, o ex-ministro do STF afirmou ser importante falar um pouco de história "no momento atual". E escreveu: "1) Quem diria em maio de 1789 que aquele convescote estranho realizado em Versalhes iria desembocar na terrível revolução francesa? 2) Em 15/11/1889, nem mesmo o general Deodoro da Fonseca tinha em mente derrubar o regime imperial sob o qual o Brasil vivia. Aconteceu. 3) nem o mais radical bolchevique imaginaria lá pelos idos de 1914 que a 1a guerra mundial facilitaria a queda do regime czarista da Rússia."

Segundo Barbosa, a história no Brasil "pouca gente pensa nas 'voltas' e nas 'peças' que a História dá e aplica". Ele avaliou ser um "tremendo erro" ver o depoimento de Barusco à CPI apenas sob a ótica partidária.

"Partidos são meros instrumentos. Nossa nação não se construiu e tampouco se define à luz de momentâneos interesses partidários", finalizou.

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