Gabrielli diz corrupção na Petrobras é individual, e não 'sistêmica'

Para o ex-presidente os sistemas de controle interno da estatal e as auditorias externas não eram capazes de descobrir os pagamentos de propina
Folhapress
Publicado em 12/03/2015 às 19:45
Para o ex-presidente os sistemas de controle interno da estatal e as auditorias externas não eram capazes de descobrir os pagamentos de propina Foto: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou nesta quinta-feira (12) à CPI da Petrobras que não há uma "corrupção sistêmica" na estatal e que os casos detectados na Operação Lava Jato são "individualizados".

Ele disse que os sistemas de controle interno da estatal e as auditorias externas periódicas que foram feitas não eram capazes de descobrir os pagamentos de propina porque são "caso de polícia".

"Eu não acredito na tese que está sendo construída de que há uma corrupção sistêmica na Petrobras. Eu não posso afirmar que não há corrupção. Você tem uma empresa de 80 mil funcionários que chegou a investir US$ 40 bilhões por ano. Dizer que não tem corrupção seria uma ilusão", disse Gabrielli.

"O problema da corrupção na Petrobras é individualizado, específico de alguns criminosos", afirmou.

A Operação Lava Jato investiga um esquema de desvios de recursos da Petrobras que, segundo o Ministério Público, abastecia partidos políticos e funcionários da estatal. Segundo as investigações, empresas pagavam propina aos funcionários para manter os contratos e parte dessa propina ia para legendas aliadas.

Para o ex-presidente, porém, os casos eram isolados. "Onde é que eles dizem que fizeram as negociações ilícitas? Na relação direta com o fornecedor, que partilhou parte do seu ganho com eles, ganhos então legais, dentro dos procedimentos da Petrobras, e eles dividiram isso", afirmou Gabrielli.

BATE-BOCA

O depoimento do ex-presidente, que é filiado ao PT, foi conduzido por petistas no intuito de defender a Petrobras e rebater as denúncias. Em alguns momentos, porém, houve bate-boca com membros da oposição.

O líder do PSDB Carlos Sampaio (SP) chegou a chamar Gabrielli de "cara de pau". Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que ele era "cúmplice de um assalto de proporções gigantescas". O ex-presidente afirmou repelir "veementemente" as acusações.

Foi o segundo depoimento do dia. Pela manhã foi ouvido o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

BARUSCO

Gabrielli admite que cometeu um equívoco ao dizer que não indicou o ex-gerente Pedro Barusco, que é um dos delatores que confessou ter recebido propinas, para atuar na empresa Sete Brasil, em vaga que cabia à Petrobras.

"É, foi um equívoco que eu fiz ao 'Jornal Nacional'. Eu fiz um equívoco, claro. É possível. Seres humanos cometem equívocos, eu fiz um equívoco porque não lembrava de um detalhe de um acordo de acionista que é privado, onde a Petrobras tem 5%", afirmou. Ressaltou, porém, que a indicação passou pela diretoria executiva, composta por outras pessoas, e que não se lembrava desse detalhe.

Sobre as citações a ele feitas na delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, Gabrielli defendeu seu chefe de gabinete Armando Tripodi da acusação de ter concordado com a operação para pagar propina ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para inviabilizar uma CPI da Petrobras.

Diz que Tripodi nega e que, se houve a conversa, ele nunca foi informado. Afirma ainda que a compra da Suzano Petroquímca, apontada por Paulo Roberto Costa como de um preço alto por responsabilidade de Gabrielli, foi investigada pelo Tribunal de Contas da União e não foram encontrados problemas.

CUNHA

Mais cedo, a CPI da Petrobras ouviu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A se transformou num ato de desagravo, com direito a aplausos e palavras de solidariedade ao depoente.

Os deputados da CPI, encarregados de inquiri-lo, aplaudiram assim que Eduardo Cunha concluiu sua defesa. Por pelo menos uma hora e meia, parlamentares da oposição e da base aliada se revezaram ao microfone para parabenizá-lo.

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