Comissão da Verdade quer ditadura militar no currículo da Unicamp

O documento foi apresentado nesta quarta-feira (1º), data em que se completa os 51 anos do Golpe Militar no Brasil
Da Folhapress
Publicado em 01/04/2015 às 14:22


A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) deve incluir nos seus cursos conteúdos que abordem a história da ditadura militar e também deve incentivar a criação de linhas de pesquisa e produção de conteúdo sobre fatos ainda não conhecidos ou esclarecidos sobre o período.

As recomendações fazem parte do relatório final da Comissão da Verdade, criada na instituição para investigar eventuais violações praticadas contra professores, alunos e funcionários no período. O documento foi apresentado nesta quarta-feira (1º), data em que se completa os 51 anos do Golpe Militar no Brasil.

O reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, afirmou que o relatório da comissão é um marco histórico na vida da universidade e que espera que ele promova soluções concretas. "Espero que as recomendações sejam vencidas na universidade", disse.

O relatório também pede para que haja permanente esforço para estimular práticas de respeito e tolerância no cotidiano de seu corpo discente e docente e de seus funcionários, e que sejam revogados dispositivos disciplinares autoritários -herdados ou não do período da ditadura militar ainda vigentes nos Regimentos e Estatutos da Unicamp.

Esses dispositivos já estão sob análise do Conselho Universitário, órgão que tem o poder de decidir sobre a retirada de cláusulas dos documentos da universidade. Os resultados devem ser divulgados em breve. A maioria previa punições para qualquer tentativa de organização de grupos ou movimentos, realidade totalmente diferente da praticada hoje.

JARBAS PASSARINHO

O relatório também pede ao reitor que encaminhe ao Conselho Universitário um novo pedido de cassação do título de Doutor Honoris Causa concedido em 1973 ao então ministro da Educação, coronel Jarbas Gonçalves Passarinho. A medida já foi solicitada no ano passado, mas foi negada.

O documento diz que o coronel foi um dos chefes militares mais atuantes na ditadura, tendo cometido várias arbitrariedades na academia. De acordo com o reitor, as recomendações de caráter interno são "situações que a Unicamp tem de analisar e produzir resultados".

Há ainda outra recomendação para que se possa esclarecer de forma concreta ao público em geral e, em especial à comunidade acadêmica, que o marechal Castello Branco chegou à Presidência com mandato decretado pela ditadura.

Isso porque existe uma referência ao marechal numa praça do campus, a Praça da Bandeiras, como "Senhor Presidente Da República". Segundo o documento, Castello Branco foi um dos "principais chefes e líderes da ditadura, com responsabilidade direta no golpe que acabou por violar a democracia e os direitos humanos no país."

O relatório tem 60 páginas e também conta com 12 depoimentos de professores e alunos que foram vítimas das violações.

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