Mangabeira defende ajuste fiscal: "o dia do castigo chegou"

Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos afirmou que este dia chegou da necessidade de ajustes nas contas públicas
Folhapress
Publicado em 09/04/2015 às 20:02
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos afirmou que este dia chegou da necessidade de ajustes nas contas públicas Foto: Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


O ministro Mangabeira Unger (Secretaria de Assuntos Estratégicos) afirmou que a política econômica dos últimos anos foi um "keynesianismo vulgar" que agravou os problemas do país e adiou "o dia da conta e do castigo". Esse dia, segundo o ministro, chegou por meio da necessidade de ajuste nas contas públicas.
Mangabeira fez nesta quinta-feira (9) um discurso de quase meia hora durante a posse do novo presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Jessé de Souza, que falou por apenas seis minutos.

O ministro disse que o Brasil não irá mais avançar com o modelo baseado na exportação de commodities e popularização do acesso ao consumo. Para ele, é preciso substituir o "nacional consumismo" por um projeto "produtivista e capacitador".
"O recurso da política contracíclica, do keynesianismo vulgar, adiou o dia da conta e do castigo, mas acabou apenas por agravar o problema que agora temos de resolver", afirmou. "Precisamos de um ajuste que subordine o keynesianismo vulgar ao imperativo do realismo fiscal."
O ministro afirmou que os "sacrifícios exigidos" pela nova política não têm como objetivo agradar ao mercado financeiro, mas evitar que o Estado fique de joelhos diante desses mesmos interesses.
Disse também que o ajuste nas contas pública não é um fim, mas "mera preliminar de uma agenda" que enfatiza a produção e a oferta e não mais o consumo e a demanda.
"A democratização do lado da demanda se pode fazer só com dinheiro. Do lado da oferta, exige renovação das instituições. Não basta regular a economia de mercado e atenuar a desigualdade com políticas compensatórias de redistribuição", disse.
Mangabeira se junta à lista de ministros que, ao defenderem a nova política econômica da presidente Dilma Rousseff, acabam por criticar medidas tomadas por ela mesma em seu primeiro mandato.
DÉSPOTAS ADMINISTRATIVOS
O ministro, que participou do governo Lula entre 2007 e 2009 e voltou ao cargo em fevereiro deste ano, citou a atual legislação ambiental como entrave ao aumento da produtividade.
Segundo ele, o Brasil concede poderes discricionários, quase ilimitados, a um elenco de pequenos déspotas administrativos nessa área. Esses dirigentes, juntos com os órgãos de controle ambiental, organizam uma perseguição aos interesses da produção, segundo o ministro. "E aí tudo na vida produtiva do país vira uma luta inconclusa entre preconceitos ideológicos contrastantes e interesses práticos opostos."
TERCEIRIZAÇÃO
Ao falar sobre a política econômica anterior, Mangabeira também afirmou que foi um modelo que gerou um altíssimo nível de emprego, mas com a grande maioria dos brasileiros empregados em serviços de baixíssima produtividade e sem futuro.
Para o ministro, houve queda da informalidade nos últimos anos, mas com precarização das condições de trabalho por meio do uso de trabalhadores terceirizados e temporários. Ele não citou, no entanto, o projeto sobre terceirização que teve seu texto principal aprovado nesta quarta-feira (8) na Câmara.

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