No dia seguinte à realização de protestos pelo país contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu nesta segunda-feira (13) o distanciamento dos partidos políticos de oposição ao governo federal das manifestações populares.
Na avaliação dele, a participação institucional das legendas políticas nos protestos de rua seria "grave" e poderia representar uma tentativa de "instrumentalizar" atos convocados por setores da sociedade civil.
"Os movimentos têm uma dinâmica própria e não foram convocados por partidos políticos. As siglas têm uma responsabilidade institucional", ressaltou. "Se os partidos fossem para as ruas, acho que seria mais grave, porque ia ser tentar instrumentalizar aquilo que não é instrumentalizado."
Além da presidente, os partidos de oposição também foram alvo de críticas na manifestação realizada no domingo (12) na avenida Paulista, que reuniu 100 mil pessoas, segundo o Datafolha.
Em discursos, líderes do Vem pra Rua e do Movimento Brasil Livre, grupos organizadores dos protesto, avaliaram como "frouxa" a atuação de dirigentes do PSDB e cobraram postura mais atuante na abertura de um processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Na avaliação do ex-presidente tucano, é "normal" a existência de uma "permanente tensão" entre os movimentos de rua e as instituições tradicionais.
"É natural que os movimentos exijam mais [dos partidos]. E isso os líderes políticos têm de mensurar, ver o que é possível ou não é possível. Essa permanente tensão entre a rua e a instituição é natural, tem que existir", afirmou.
O ex-presidente participou nesta segunda de seminário promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC) sobre reforma do sistema eleitoral, na capital paulista.