O juiz federal Sérgio Moro abriu nesta quinta-feira (30) ação penal contra o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, um dos delatores da Operação Lava Jato. Os três foram denunciados pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores, parte da propina paga a Renato Duque passou pela empresa Setal Óleo e Gás, de propriedade de Mendonça Neto, e chegou à Editora Gráfica Atitude, ligada ao PT.
Com base no depoimento de delação do dono da Setal, a investigação revelou que dois contratos entre o grupo Setal e a Gráfica Atitude foram assinados em 2010 e 2013, nos quais notas fiscais falsas foram emitidas para justificar os repasses. A suspeita sobre os repasses para a gráfica foi um dos motivos da prisão de Vaccari, na décima segunda fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 15 de abril.
Na decisão em que recebeu a denúncia contra os investigados, Sérgio Moro disse que há suspeitas de que Vaccari tinha conhecimento da origem ilícita dos repasses. “Constam as declarações a respeito do acusado colaborador Augusto Mendonça, da Setal, que relatou em detalhes que parte da propina do esquema criminoso da Petrobras foi dirigida, a pedido de Renato Duque, a João Vaccari Neto, e ainda parcela deste montante, a pedido de João Vaccari Neto, para a Editora Gráfica Atitude”, disse o juiz.
Os advogados de Vaccari afirmam que ele nunca pediu doações de origem ilícita para o PT e que todas as contribuições ocorreram de forma legal, por transação bancária. A defesa de Renato Duque nega que o ex-diretor tenha recebido propina enquanto ocupou a Diretoria de Serviços na Petrobras. Representantes da Editora Gráfica Atitude informaram que a empresa mantém seus contratos de forma regular. Eles se disseram dispostos a prestar esclarecimentos à Justiça.
Vaccari e Duque são réus em outra ação penal que tramita na Justiça Federal em Curitiba, que trata dos desvios de recursos na Petrobras.