Falta de projetos prontos favoreceu à ilegalidade na Petrobras, diz ex-diretor

Paulo Roberto Costa reiterou que não havia justificativa para a corrupção praticada na empresa e criticou a forma como a empresa é administrada
Da ABr
Publicado em 06/05/2015 às 9:55
Paulo Roberto Costa reiterou que não havia justificativa para a corrupção praticada na empresa e criticou a forma como a empresa é administrada Foto: Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil


O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse na terça-feira (5) que a falta de projetos prontos durante os processos de licitação favoreceu à ilegalidade na estatal. “A Petrobras resolveu contratar uma série de projetos sem ter o projeto pronto. Não é correto, mas ela assim decidiu, uma decisão da diretoria”, destacou. “Um erro da Petrobras, que facilitou a distorção de valores e propinas, é não ter projeto completo. Se tiver mais empresas, dificulta isso, se tiver projeto detalhado também”, completou.

O ex-diretor reiterou que não havia justificativa para a corrupção praticada na empresa e criticou a forma como a empresa é administrada. “O maior problema é a gestão política da empresa. A Lava Jato é uma mácula da Petrobras e do Brasil. Os culpados têm que pagar por isso. Mas, olhando como empresa, o maior problema foi a política de preço colocada pelo acionista majoritário”.

O depoimento do ex-diretor da estatal na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, na Câmara, durou cerca de seis horas. A oitiva começou com Costa falando do arrependimento pelo que fez. “Arrependo-me amargamente pelo que aconteceu. Se eu pudesse voltar ao passado, certamente não faria isso”, disse, ressaltando que espera que o Brasil “passe muitas coisas a limpo em muitos níveis”, provocando reações em alguns deputados. Eles chamara Costa de “bandido” e ladrão”.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) abordou a questão da piscina da casa do ex-diretor da Petrobras, onde, segundo Marun, Costa teria escondido o dinheiro recebido como propinas. O ex-diretor respondeu que havia um vazamento crônico na piscina e que, por causa disso, criaram um "folclore" a respeito do caso, com insinuações de que ele teria enterrado o dinheiro oriundo de corrupção no local. O deputado contestou, dizendo que folclore seria Costa “ganhar milhões em propina e ter dificuldade de pagar conta de água”. Costa retrucou, sugerindo que Marun poderia escavar a piscina.

Ele também disse que o esquema de corrupção na Petrobras se originou graças a “maus políticos” e que a empresa teve um prejuízo muito maior quando o governo federal decidiu não repassar os aumentos nos combustíveis, a partir de 2010. “A defasagem entre o que a empresa comprava e revendia era de mais de 20%. Ou seja, quanto mais vendia, mais a empresa perdia”. Ele disse ainda que o governo, com a medida “arrebentou a empresa”.

É a terceira vez que Costa vai ao Congresso depor sobre as irregularidades na Petrobras. Em setembro do ano passado, ele depôs na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investigava denúncias de corrupção na companhia. O ex-diretor, no entanto, não respondeu às perguntas dos parlamentares, usando o direito de ficar calado.

Em dezembro, Costa voltou à Casa para uma acareação com o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Na ocasião, ele declarou que o caso da Petrobras se repete em todos os outros setores públicos do Brasil – “nos portos, nos aeroportos, nas rodovias, nas ferrovias e nas hidrelétricas” –, e disse que “ninguém chega à diretoria da Petrobras sem uma indicação política”.

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