Um grupo de funcionários da Câmara dos Deputados protestou nesta sexta-feira (19) contra a possibilidade da Mesa Diretora da Câmara alterar as normas de uso do fundo do Pró-saúde, o plano de saúde dos servidores da Casa, para custear o seguro de vida dos deputados.
O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que a cúpula da Câmara tenha interesse em alterar o fundo e afirmou que a publicação da informação na coluna "Radar", da revista "Veja", é "falsa" e "falaciosa". Ele explicou que, durante a reunião da Mesa Diretora, que ocorreu nesta quinta-feira (18), os deputados apenas discutiram a atual situação do plano que, de acordo com ele, tem R$ 380 milhões em caixa.
Ele explicou ainda que pretende cancelar o repasse de recursos da União para o fundo porque ele já tem lucros consideráveis e, por isso, não é necessário usar parte do Orçamento da Casa para ampliar os recursos.
"Não vamos mudar o plano. Agora, tem que explicar como acumulou esse lucro assim e ninguém sabia que isso acontecia. E todo ano isso está sendo colocado dinheiro de todos nós, contribuintes, para ir para a aplicação deles. Essa é a discussão que tem que ser feita", disse.
"Nós pagamos em conjunto, os deputados e servidores, R$ 18 milhões por mês. São 6 mil pessoas a R$ 300 mais ou menos. E a União coloca a sua parte por meio do Orçamento da Câmara. Só que eles não gastam e pediram R$ 33 milhões da União esse ano. Tenho que zelar pelo dinheiro do contribuinte. Para que vou colocar dinheiro do contribuinte num fundo que não é gasto?", questionou em seguida.
Aglomerados em frente ao gabinete da Presidência da Casa, os servidores gritaram palavras de ordem: "não, não, no pró-saúde não". Como os servidores não encontraram Cunha no momento da manifestação, eles marcaram um novo ato para a próxima segunda-feira (22).
Irritado com a publicação sobre o assunto, o presidente informou que vai proibir que assessores parlamentares acompanhem as reuniões da Mesa de agora em diante.
"Se a gente não pode debater uma questão de gestão da casa e vira uma crise, eu vou tirar os assessores da reunião da mesa que acaba esse problema. Não vai mais ter assessor para fazer fofoca e colocar mentira na rua. Agora, eu fiquei curioso para fazer uma auditoria bem profunda nessa gestão para verificar o porque está todo mundo muito preocupado e como que acumulou 380 mi e ninguém sabia ao longo desse tempo. E às custas do dinheiro do contribuinte", disse.