Crítico do governo Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta terça-feira (23) que vai sugerir a criação de um órgão no Congresso para fiscalizar a execução da política fiscal do Executivo.
Ao afirmar não ser "comentarista do abismo" para falar sobre as críticas do ex-presidente Lula a Dilma e ao PT, o senador disse que seu papel é propor "alternativas" para que a crise que atinge o governo tenha soluções -uma delas, o acompanhamento técnico da política fiscal do governo pelo Legislativo.
"O pior exercício é você ficar como presidente do Congresso comentando a crise. Todo dia acontecem fatos novos e ficar comentando como comentarista do abismo não resolve. É preciso apresentar alternativas, saídas, soluções. Eu acho que esse é o nosso papel", afirmou.
Renan vai apresentar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) nesta quarta (24) sugerindo a criação da Autoridade Fiscal Independente, órgão que terá como integrante um técnico para acompanhar as políticas fiscais do governo federal. Renan não anunciou quem pretende indicar para exercer esse papel de fiscalização, caso a proposta seja aprovada.
O peemedebista disse que o técnico terá mandato para fazer uma "avaliação permanente" sobre a política fiscal do governo, sem o papel de julgar as contas do Executivo -que já é exercido pelo TCU (Tribunal de Contas da União), órgão auxiliar do Congresso.
"É para fazer um acompanhamento durante a execução da política fiscal para não acontecer essas coisas com as quais nós estamos tendo que conviver, como as pedaladas [fiscais]. Tem que buscar definitivamente uma qualidade para o superávit, tem que dar qualidade ao gasto público. Acho que o papel do Congresso, mais do que comentar, é apresentar saídas", afirmou Renan.
Nos últimos meses, Renan vem fazendo sucessivas críticas ao governo Dilma Rousseff, a quem acusa de ter uma articulação política "fraca" e não tomar medidas adequadas na solução da crise econômica. A criação de um órgão para fiscalizar o governo é mais uma resposta à gestão da petista. O PMDB, partido de Renan, é o principal aliado da presidente no Congresso -e maior bancada no Senado.
Assim como Renan, o ex-presidente Lula tem feito nos últimos dias duras críticas à petista. Lula disse que Dilma está no "volume morto" e o PT "abaixo dele". Nesta terça, o ex-presidente pregou uma "revolução" no PT e afirmou que a sigla tem os vícios de todo partido que cresce e chega ao poder.
Lula disse ainda que os correligionários "só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito", em referência a cargos no governo federal e disputas eleitorais.