Acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco pediu nesta segunda-feira (6) que o STF (Supremo Tribunal Federal) cancele acareações previstas pela CPI da Câmara que investiga irregularidades na empresa.
A comissão de inquérito marcou para esta semana depoimentos para tentar confrontar versões sobre o escândalo apresentadas por Barusco com Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e também com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
A defesa argumentou ao Supremo que o quadro de saúde Barusco se agravou no últimos mês, uma vez que ele é diagnosticado com câncer ósseo e que sua exposição numa CPI pode deixar seu quadro clínico ainda mais delicado.
Os advogados sustentam que pediram o cancelamento das acareações à CPI, mas não foram atendidos. Segundo o documento, o ex-gerente da Petrobras tem sentido fortes dores e formigamentos em membros inferiores e superiores, além da alteração em sua pressão arterial.
"O paciente sofre de câncer ósseo, grave moléstia que, por haver piorado no último mês, dificulta o seu deslocamento e permanência nas audiências de acareação designadas pela referida CPI. Tendo em vista o agravamento da doença, não há como Barusco enfrentar horas de deslocamento e de audiência, além de estresse emocional -o que inclusive não é recomendado pelo seu médico", diz a ação.
A defesa aponta ainda que Barusco já colaborou com a CPI e que ele poderá prestar novos esclarecimentos quando se restabelecer. "Barusco já esteve em referida CPI, ocasião em que prestou depoimentos onde relatou, com todos os detalhes possíveis, como funcionava o esquema de propinas na estatal. Respondeu pacientemente a todas as perguntas formuladas pelos parlamentares em depoimento que passou de seis horas."
O pedido de Barusco será analisado pelo ministro do STF Celso de Mello, que ocupa a presidência do tribunal nesta semana devido ao recesso do Judiciário, quando são analisados casos considerados urgentes.
No primeiro depoimento da CPI da Petrobras, Barusco afirmou que tinha reuniões com o ex-tesoureiro do PT para definir o percentual de propinas à legenda e confirmou ter repassado recursos para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
O ex-gerente deu detalhes sobre o relacionamento com Vaccari, citando reuniões em hotéis e troca de mensagens por celular.
Barusco é um dos delatores da Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras. Em depoimento à Polícia Federal, ele disse que o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina, paga à diretoria de Serviços, à época comandada por Renato Duque.