Impeachment não está no nosso cenário base, diz diretora da S&P

Na semana passada, a agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito brasileira
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 14/09/2015 às 13:25
Na semana passada, a agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito brasileira Foto: Foto: Lula Marques/ Agência PT


A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor's (S&P), Lisa Schineller, afirmou que um impeachment da presidente Dilma Rousseff não está no cenário base da agência, mas que se isso acontecesse obviamente haveria um grande estresse político. Na semana passada, a agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito brasileira e realiza teleconferência pela internet nesta segunda-feira, 14, para detalhar sua análise a respeito da situação do País.

Lisa lembrou que quando houve o impeachment de Collor, a S&P ainda não atribuía rating para o Brasil, mas apontou que o País já passou por momentos de alta tensão política antes, como no caso do mensalão. "Nós temos de analisar como seriam as políticas durante esse período de estresse político, ou com um governo interino. O que nós olharíamos é o grau de impacto que isso teria nas políticas econômicas", comentou, explicando que a agência não avalia os partidos políticos em si. 

Com relação à decisão do rebaixamento, a diretora explicou que as dinâmicas fiscal e de crescimento no Brasil continuaram se deteriorando após a agência rebaixar a perspectiva da nota soberana em julho, o que motivou a revisão da nota. Lisa citou em diversos momentos as mudanças constantes nas metas de superávit e "deslizes" na condução da política fiscal. "Não temos visto uma condução firme da política econômica", afirmou.

Segundo ela, a S&P espera que o governo coloque novas medidas na mesa de negociação, mas a diretora ressaltou as dificuldades na negociação com o Congresso. "Nós esperamos que algumas medidas sejam apresentadas, mas a preocupação é com a magnitude e a capacidade de executá-las", afirmou.

De acordo com Lisa, se o governo conseguir aprovar medidas que melhorem a situação fiscal mais do que o esperado, e mesmo mais rápido, isso poderia ser positivo para o rating, levando a uma mudança na perspectiva de negativa para estável. Por outro lado, uma resposta mais lenta a esses desafios fiscais seria negativa para a nota soberana.

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