A presidente Dilma Rousseff informou à cúpula do PMDB nesta quarta-feira (30) que decidiu trocar o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) por Jaques Wagner (Defesa).
Antes, ela já havia acertado com Mercadante que ele irá assumir o Ministério da Educação, que hoje é comandado por Renato Janine Ribeiro.
A troca atende a pressões do ex-presidente Lula e do PMDB, que enxergavam no atual ministro da Casa Civil um fator desagregador dentro do Palácio do Planalto, contribuindo para a crise política que atinge a presidente Dilma e seu governo.
Segundo um líder peemedebista, a troca de Mercadante por Wagner busca atender principalmente o PT, que será a legenda que mais perderá ministérios na reforma ministerial programada inicialmente para ser anunciada nesta quinta-feira (1°).
Jaques Wagner tem o apoio do ex-presidente Lula e tem melhor trânsito dentro do partido do que Mercadante.
Os petistas vão perder o Ministério da Saúde e também duas das três secretarias da área social -Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos-, que serão fundidas no Ministério da Cidadania.
O PMDB, partido que vinha pedindo a saída de Mercadante, por exemplo, vai ampliar sua participação de seis para sete pastas na nova Esplanada dos Ministérios.
Com a mudança, Mercadante retorna à pasta que ocupava antes de assumir a Casa Civil.
Dilma acatou a pressão de PMDB e integrantes do PT para colocar no lugar do petista alguém com menos desgastes e que possa auxiliá-la no combate à crise.
Com a ida de Jaques Wagner para Casa Civil, para o seu lugar irá o ministro Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia). A atual pasta do representante do PC do B no governo está sendo oferecida ao PSB, para que a legenda volte à base do governo, e para o PMDB.
CHATEAÇÃO
Na conversa com Mercadante, Dilma demonstrou chateação em ter de abrir mão de seu fiel assessor, mas considerou que sua permanência no cargo era insustentável, segundo a reportagem apurou.
Há algumas semanas, Dilma havia negado intenção de substituir seu fiel escudeiro. Nesta terça (29), porém, aliados de Mercadante que descartavam sua saída passaram a considerar a troca como inevitável.
Partidos aliados passaram a cobrar mais e mais que ele deixasse a Casa Civil. Conforme interlocutores, a pressão atingiu nível máximo, sobretudo por parte do PMDB.
A legenda ganhará o Ministério da Saúde, uma das sete reservadas à legenda. Para entregá-la a um deputado peemedebista, Dilma teve de demitir o petista Arthur Chioro -o que foi feito em conversa fria e por telefone.
"Fique quieto, não se mexa. Você sai na quinta", teria dito ela, conforme relato do ministro a amigos. Assessores próximos a Chioro afirmam que ele ficou muito decepcionado, considerou uma "humilhação" ter sido demitido por telefone e avalia não participar da transmissão do cargo no ministério.