O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quinta-feira (9) que o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, perdeu as condições de continuar à frente da AGU (Advocacia-Geral da União) depois de ter atuado para pedir o afastamento do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes da relatoria e do julgamento da contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff.
O TCU aprovou por unanimidade a rejeição das contas da petista devido a irregularidades, como as chamadas "pedaladas fiscais". Para o governo, Nardes deveria ser afastado do processo por ter manifestado sua opinião e antecipado publicamente o seu voto. O tribunal, no entanto, rejeitou o pedido de afastamento e manteve o ministro como relator do caso.
"A AGU e seu titular devem assessorar a presidente para que ela não cometa ilegalidades. O AGU virou o arauto da ilegalidade se expondo e, na verdade, constrangendo seus colegas da AGU. Vários se manifestaram sobre esse constrangimento. Ele se descredenciou para continuar à frente da importantíssima AGU", afirmou Aécio.
Após a derrota de Dilma no TCU, Adams afirmou que a defesa do governo "vai continuar". Durante o julgamento, o advogado teve 20 minutos para defender o governo antes do relatório do ministro. Em sua fala, Adams começou afirmando que o tribunal tinha que respeitar sua jurisprudência por já ter aprovado atos que então estava condenando.
Aécio afirmou ainda que houve uma tentativa "nefasta" por parte do governo de constranger os tribunais, o que "permitiu que se escrevesse a pior, a mais triste página da história daquela que é uma instituição de Estado". Para ele, o país viveu uma "semana histórica" e a decisão do TCU apenas dá forma a um sentimento que já é amplo na sociedade de que Dilma cometeu ilegalidades para vencer as eleições.
"A partir deste instante, não são mais as oposições que argumentam em relação aos crimes cometidos. O Tribunal de Contas, por unanimidade de seus membros, atestam que a presidente, para vencer as eleições, cometeu crime de responsabilidade e terá que responder por isso. Se não, estaríamos criando um salvo conduto para presidentes cometerem qualquer tipo de desatino para vencer as eleições", disse.
O senador disse acreditar que o Congresso manterá a decisão do TCU e também rejeitará as contas presidenciais. "O Congresso se manifesta em grande parte sintonizado com o sentimento das ruas... Eu acredito que o sentimento das ruas, que já foi compreendido nos tribunais, na verdade chegará ao Congresso Nacional e certamente será ele a dar aqui a última palavra", afirmou.