O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), cancelaram a reunião que teriam com o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, em "repúdio" às declarações de Samper sobre a possibilidade de impeachment no Brasil.
Em entrevista na quarta, Samper afirmou ao jornal "Valor Econômico" que a Unasul poderia invocar sua cláusula democrática caso Dilma tenha seu mandato cassado sem que esteja diretamente envolvida em crimes. A presidente Dilma Rousseff "pode e deve terminar seu mandato", disse Samper, ex-presidente da Colômbia.
Segundo Aloysio, Samper "veio ao Brasil fazer propaganda da presidente Dilma Rousseff e se intrometer em assuntos políticos internos".
"Aqui no Brasil nós temos democracia e não é possível tachar de golpismo atos legítimos questionando as contas eleitorais ou possível crime de responsabilidade da presidente", disse o senador. "A Unasul deveria se preocupar é com a democracia onde ela está ameaçada, como no Equador, onde há restrições à imprensa, na Bolívia, onde o presidente tenta se reeleger indefinidamente, ou na Venezuela, onde a situação é grave. Sobre essas situações, a Unasul não dá um pio."
Para a oposição, há uma movimentação de governos estrangeiros alinhados ao PT para rotular de "golpismo" qualquer tentativa de questionamento do mandato de Dilma.
Na terça (13), os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, disseram estar atentos ao que classificaram como "golpe de Estado" contra Dilma Rousseff."Tanto o presidente Evo Morales quanto eu manifestamos nossa preocupação e alarme. Vamos iniciar uma série de consultas porque parece anunciar-se no Brasil, sob uma nova modalidade, um golpe de Estado contra Dilma Rousseff e contra o movimento popular", afirmou Maduro. Em entrevista à Folha de S.Paulo na semana passada, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, afirmou: "um governo conservador no Brasil, complacente com atitudes antidemocráticas, seria uma catástrofe para a América Latina."
Samper encontrou-se com Dilma nesta quarta, em Brasília. Os dois discutiram a missão da Unasul de monitoramento das eleições legislativas na Venezuela, que serão realizadas em dezembro, e a situação política no Brasil.
Se a Unasul acionar a cláusula democrática, o Brasil pode ser suspenso do bloco, como ocorreu após o impeachment do presidente Fernando Lugo no Paraguai, em 2012. "Existe uma cláusula democrática que prevê que a Unasul deve intervir para evitar que, de uma maneira brusca, se altere a ordem constitu