O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quarta-feira (2), a abertura do terceiro inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na semana passada por tentar impedir as investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato. O inquérito investiga o envolvimento no parlamentar no esquema de corrupção na Petrobras.
No novo inquérito, Delcídio é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ainda não há detalhes sobre o inquérito. No sistema do Supremo, uma petição aparece como justificativa para a abertura da investigação, conforme pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). A peças encaminhadas pela Procuradoria é mantida em segredo de Justiça. Os arquivos ocultos têm sido usados para abrigar delações premiadas ainda sigilosas.
Há no Supremo outros dois inquéritos contra o senador. A primeira investigação, mantida oculta no sistema do tribunal, apura a tentativa de obstrução da Lava Jato, motivo que levou o senador à prisão. No segundo, ele aparece ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e do senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Todos os processos são baseados em petições ocultas.
Uma das delações homologadas pelo ministro Teori Zavascki, do STF, em data próxima à das petições que originaram as novas investigações, é a do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Em delação premiada, Baiano citou os nomes de Renan, Jader, Delcídio e do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, ao narrar suposto recebimento de US$ 6 milhões em propinas em contratação do navio sonda Vitória 10.000, em 2006. Baiano também afirmou em delação que Delcídio teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O lobista é tido como um operador do PMDB no esquema de corrupção e desvios na Petrobras e, em delação premiada, também fez menção ao nome do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha.
Delcídio está preso na superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde a semana passada. Também foram presos o chefe do gabinete do senador, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro do BTG Pactual, André Esteves. Todos são investigados no STF por tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, para que o senador e o banqueiro fossem poupados no acordo de delação premiada do ex-executivo com a Polícia Federal.