O PT na Câmara passou a adotar tom moderado contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para evitar retaliação do peemedebista ao governo nas votações de matérias do ajuste fiscal que precisam ser aprovadas até o fim do ano. O posicionamento é diferente do tom agressivo adotado pela bancada do partido na Casa, após Eduardo Cunha deflagrar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na semana retrasada. Na ocasião, petistas eram explícitos ao cobrar o afastamento do peemedebista.
A nova posição da bancada do PT ficou clara em declaração do líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC). Em entrevista nesta terça-feira (15) o petista disse que não cabe a ele pedir a saída de Cunha e ressaltou que o partido está "concentrado" neste momento em aprovar matérias do ajuste.
"Não me cabe fazer esse tipo de ponderação. Estou me concentrando em aprovar as matérias importantes para o Brasil", afirmou Sibá. De acordo com o parlamentar, o caso do peemedebista deve ser tratado pela Justiça e no Conselho de Ética da Casa. Apesar do tom moderado, Sibá rebateu acusações de Cunha, mais cedo, de que o governo teria articulado a Operação Catilinárias. Desdobramento da Lava Jato, a ação cumpriu 53 mandados de busca e apreensão contra vários políticos do PMDB, como o presidente da Câmara.
"Não podemos concordar com as palavras do presidente da Câmara de atribuir responsabilidade ao governo. Não temos menos interesse, muito menos condições, de interferir no trabalho de órgãos como STF (Supremo Tribunal Federal), Polícia Federal e Ministério Público", disse.
De acordo com Sibá Machado, o PT e o governo são "contra qualquer processo de seletividade". "Estamos refutando as palavras a nós atribuídas", disse. Apesar de rebater Cunha, o petista não fez comentários sobre a operação, que atingiu casas e escritórios de Cunha hoje pela manhã.
Recesso
O líder do PT afirmou que o partido só vai anunciar novo posicionamento sobre a suspensão ou não do recesso parlamentar de fim de ano após a sessão do STF que deve julgar o rito do impeachment. A sessão está prevista para esta quarta-feira (16).