Ao deixar seu gabinete na tarde desta quarta-feira (13) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que o novo líder da bancada do PMDB não se comporte como um representante do Palácio do Planalto na Casa. "A liderança do PMDB não pode se transformar em um assessor do governo ou alguém que represente o governo. Ele (novo líder) não pode ser nem de governo, nem de oposição, tem de representar a bancada", pregou.
Cunha, que nos bastidores atua contra a recondução do atual líder Leonardo Picciani (RJ), disse que a bancada precisa de um perfil de líder que reúna os 67 deputados e lembrou que o PMDB da Câmara sofreu nos últimos tempos um processo de divisão. "Alguém que tenha essa condição de compor a bancada de novo, de unir a bancada. Não necessariamente alguém que seja contra o governo ou a favor do governo", declarou.
Para Cunha, Picciani contribuiu para a desunião entre os peemedebistas. "Me parece que ele não conseguiu unir, ao contrário, conseguiu desunir. É importante buscar alguém que una", reforçou o presidente da Câmara. O peemedebista reafirmou seu desejo de votar na eleição deste ano, ao contrário do ano passado, quando não votou.
Cunha deixou a Câmara nesta tarde evitando comentar as últimas denúncias envolvendo a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e nomes como do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, sua sucessora Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ao ser questionado se gostaria que Renan recebesse o mesmo tratamento dado a ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Cunha respondeu apenas que não.
Sobre o conteúdo da delação de Cerveró que menciona a presidente Dilma, Cunha evitou relacionar os desdobramentos da Operação Lava Jato com o processo de impeachment iniciado na Câmara. "A motivação (da abertura do processo) é por causa das pedaladas e não tem a ver com as denúncias. Isso é mais uma questão de sentimento que alguém possa ter. As motivações do pedido de impeachment são outras", afirmou.