Mesmo com o cenário de derrota já "instalado no governo", o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, segue o trabalho de defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Nesta segunda-feira (2), em entrevista à NBR, a TV do governo federal, Cardozo reforçou que a presidente não cometeu crime, que os argumentos do processo do impeachment são "pretextos" para afastá-la e que jamais o episódio ficará livre da mancha de ter sido implementado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "O impeachment tem um pecado original do qual jamais vai se libertar; foi uma decisão ilegal e uma vingança de Cunha", afirmou Cardozo, referindo-se ao fato do peemedebista abrir o processo após não conseguir votos do PT para barrar o processo contra ele no Conselho de Ética.
Cardozo reforçou ainda o discurso de Dilma e lembrou que os decretos de suplementação orçamentária pelos quais a petista é acusada de crime de responsabilidade também aconteceram na gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso. "O FHC passou 101 decretos com características absolutamente semelhantes da Dilma", disse. Nesse domingo, 1º, em evento pelo Dia do Trabalho, Dilma afirmou que para o tucano "não foi nenhum golpe nas contas públicas. Isso se chama ter dois pesos e duas medidas".
O advogado-geral da União disse ainda que o Brasil consagrou o sistema do presidencialismo e que afastamento por questões políticas só podem acontecer diante "de fatos extremos e graves" "Não houve má-fé e não há nada ilegal", garantiu Cardozo. "Ninguém acusa a presidente de desviar dinheiro público." Para Cardozo, o processo de impeachment fere a Constituição e ameaça a democracia. "É um desrespeito escancarado à Constituição", afirmou.