Um dos principais articuladores na formação da base de sustentação do governo Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, minimizou as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o PSDB poderá deixar a base aliada, caso haja divergência na condução dos principais temas de interesse do País.
A possibilidade de desembarque foi colocada por FHC em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo no sábado (21). "Se o governo for para um caminho que achamos errado, então o PSDB sai. O governo é destino inevitável para quem participa do atraso. Se o PSDB se confundir inteiramente com a política, ele vai ter problemas", considerou o tucano.
O ministro da Casa Civil, que atou nas negociações com integrantes da cúpula do PSDB para a formação da nova equipe ministerial, ressalta, contudo, que o ex-presidente foi um dos principais defensores da aliança com o governo Temer. "O presidente Fernando Henrique foi seguramente, no PSDB, o maior entusiasta e defensor do apoio ao governo", disse Padilha.
"Acho que o destino principal dessas declarações não foi o governo, mas o próprio partido, uma vez que credita-se a ele o fato de o PSDB estar participando do novo governo", acrescentou. Na gestão de Temer, os tucanos indicaram nomes para o comando de três ministérios: Relações Exteriores, Cidades e Justiça.
Na linha de frente da articulação do governo com o ministro Geddel Vieira Lima (Secretário Geral), Padilha considera que o Palácio do Planalto tem de apresentar os rumos que o novo governo pretende tomar para não correr o risco de perder a base de sustentação formada hoje pelo PSDB, pelos partidos que foram oposição ao governo Dilma e pelo chamado Centrão.
"Temos um apoio de mais de dois terços da Câmara e do Senado. Esse apoio só vai se manter se na rua a gente conseguir aumentar o nível de certeza de que a gente tem rumo, que sabe onde vai chegar, principalmente na área econômica", ressaltou o ministro. Ao lado do presidente em exercício, Michel Temer, e integrantes da equipe econômica, Padilha deve participar hoje da coletiva à imprensa em que será detalhado o atual quadro financeiro da União.
Teste
Apesar de considerar ter o apoio da maioria no Congresso, o primeiro teste da base aliada de Temer é a aprovação do projeto que estabeleceu a nova meta fiscal em R$ 170,5 bilhões. O texto está previsto para ser votado amanhã em sessão do Congresso Nacional. Diante de um horizonte em que não está descartada a discussão de projetos impopulares no Congresso, com intuito de ajustar as contas públicas, Padilha se apressa para colocar panos quentes num possível racha da base, ocasionado na briga pela liderança do governo na Câmara.
A vaga foi disputada por dois grupos da base de apoio de Temer. De um lado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) reivindicou o posto respaldado por parte dos deputados do PSDB e do PPS, integrantes do grupo opositor ao governo Dilma. Do outro, o deputado André Moura (PSC-SE) foi indicado pelo Centrão, formado por 13 partidos. A briga foi vencida por Moura. "Enquanto estava latente o processo de disputa entre eles até admito que havia dois grupos distintos. Depois que ficou consolidada uma posição, que é da maioria para o governo, não tem mais divisão. Temos uma base que terá que ser tão sólida quanto a Nação precisa", ressaltou o ministro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.