Em sua primeira reunião ministerial após assumir a presidência da República, Michel Temer (PMDB) pediu aos auxiliares que não aceitem serem chamados de golpistas e até que retruquem afirmando que golpista é aquele que quer descumprir a Constituição. Antes de perder definitivamente o cargo, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) propunha um plebiscito para realização de novas eleições como alternativa para superar a crise política, alternativa não prevista na Carta Constitucional.
"Golpista é você que está contra a constituição. Golpe é aquele que propõe a ruptura constitucional. Eu não estou propondo a ruptura institucional. Aliás, sobre não propor essa ruptura constitucional, nós fomos de uma discrição absoluta. Nós jamais retrucamos as imprecações que faziam em relação ao nosso governo e a nossa conduta. Mas agora nós não vamos levar ofensa para casa. Agora, as coisas se definiram e é preciso ter muita firmeza. E a firmeza, as vezes, vem pela elegância da conduta, não vem pelo xingamento ou pela agressão", disse Temer.
"Vocês sabem que no plano internacional eles tentaram muito, e conseguiram até, dizer que aqui no Barsil houve golpe. Um golpe que hoje é o 108º dia de impedimento, com mais de 40 testemunhas, com o presidente do Supremo Tribunal Federal", afirmou ainda o novo presidente, enquanto sorria. "Falou, nós respondemos. Não pode deixar uma palavra. Porque senão, eles tentarão desvalorizar", alertou.
Michel Temer também pediu unidade na base. E pediu aos ministros que trabalhem junto aos seus partidos para viabilizar reformas como a criação de um teto constitucional para os gastos públicos, a Reforma da Previdência e mudanças nas regras trabalhistas. "Não vamos falar em reforma trabalhista, vamos falar em adequação da relação empregado-empregador", afirmou.
O novo presidente também disse que será inadimissível divisão na base aliada, após parte dos aliados terem votado em favor da manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff e a reação de parte dos parlamentares. "Se há gente que não quer que o governo der certo, declare-se contra o governo", disparou.
Temer assume definitivamente a presidência após a queda de Dilma Rousseff, de quem ele foi vice nas eleições de 2010 e 2014. Dos 81 senadores, 61 votaram pela condenação da petista. Dentre os senadores de Pernambuco, apenas Fernando Bezerra Coelho (PSB) votou a favor do impedimento. Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT) ficaram a favor de Dilma.