O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista publicada no domingo (11), pelo jornal O Globo, que é contra o reajuste dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Um projeto de lei de autoria do próprio tribunal que aumenta a remuneração dos ministros de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e, agora, tramita no Senado.
"Isso daí gera uma cascata gravíssima. Porque pega todo o Judiciário, outros setores da administração, todo o Legislativo", afirmou Temer. Segundo ele, "não é o momento adequado para isso".
O presidente classificou a situação da economia brasileira como "extremamente preocupante", citando o déficit de R$ 170 bilhões previsto para este ano e o total de 12 milhões de desempregados.
Afirmou, porém, que antes de recuperar a economia é preciso retomar a confiança. "Quando aprovarmos o teto do gasto, encaminharmos a reforma da Previdência e ela começar a processar no Congresso, o País vai crescer. Se cresce a confiança, cresce a arrecadação, cresce a estabilidade social", disse Temer.
De acordo com ele, essas medidas são polêmicas, mas, no fundo, são populares. Sobre a reforma da Previdência, disse que essas ideias "amadureceram muito", mas ainda não estão concluídas. Ele afirmou, porém, que a própria Constituição já determina uma idade mínima de 65 anos para homens se aposentarem e 60 anos para as mulheres. "Bastaria se aplicar a Constituição que estaria resolvida a questão da Previdência geral", comentou.
Já em relação à reforma na legislação trabalhista, o presidente ironizou quem entendeu que passaria a trabalhar 12h por dia no lugar das atuais 8h. "É falta de leitura, data venia", afirmou. Temer disse que, de acordo com seu ministro do Trabalho, as centrais sindicais estão de acordo com a mudança. Segundo ele, as novas regras possibilitariam ao trabalhador ter outro emprego ou então folgar três dias por semana caso faça a jornada de 12h.
Sobre o programa de concessões, disse que não sabe como será o pacote previsto para ser anunciado esta semana. "O que for possível, concederemos. Sem preconceitos. O que precisa acabar no Brasil é o preconceito", ressaltou.
Depois de ter minimizado os protestos contra o seu governo, Temer disse no domingo que vê os movimentos "com naturalidade" e que tem de respeitá-los. Afirmou, ainda, que a tese do golpe não pegou. "Eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade", disse.
O presidente voltou a reforçar que não considera ser candidato à Presidência em 2018, mas que não assinaria um compromisso público "porque todo mundo que assina não cumpre". Temer disse ainda que não espera constrangimento de uma eventual delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e informou que não foi procurado pelo peemedebista nos últimos dias, embora falasse muito com ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.