O presidente Michel Temer pediu nessa terça-feira (27), a auxiliares que não estiquem a polêmica sobre gafes de sua equipe. Na tentativa de tirar o foco do episódio envolvendo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes - que antecipou nova etapa da Lava Jato, na véspera da prisão do ex-ministro Antonio Palocci -, o Planalto aproveitou uma agenda lotada de audiências com presidentes mundiais de grandes multinacionais. Após as reuniões com Temer, os executivos foram orientados a falar com a imprensa e o saguão do prédio foi transformado em palco de entrevistas, uma após a outra.
Foi assim que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, apareceu otimista, dizendo ter levado a Temer o planejamento estratégico da empresa para o período de 2017 a 2021. Pelas estimativas de Parente, em cinco anos a estatal voltará a crescer. Além dele, o presidente global da Shell, Ben Van Beurden, fez questão de afirmar, após se reunir com Temer, que o Brasil é um "lugar seguro" para investimentos. "Isso tem a ver com a segurança e a estabilidade das regras e das leis", disse o executivo. Ele não quis comentar os desdobramentos políticos após o impeachment de Dilma Rousseff. "O importante desses últimos acontecimentos é criar um clima propício para investimentos", afirmou. "Viemos falar com o presidente sobre a confiança que temos no País."
O presidente da Hyundai, William Lee, apresentou a Temer os investimentos em andamento da companhia coreana no Brasil. A montadora está investindo US$ 130 milhões na ampliação da fábrica de Piracicaba (SP) e vai gastar mais US$ 25 milhões na construção de um centro de pesquisa na mesma cidade. "A Hyundai tem um compromisso de longo prazo com o Brasil. Queremos crescer junto com o Brasil", discursou Lee.
O executivo ponderou que todos os países passam em algum momento por dificuldades econômicas, mas disse que a companhia aposta no retorno do crescimento da economia brasileira. "Vejo um potencial muito grande no Brasil e apostamos na qualidade do trabalhador brasileiro", completou.
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB - partido de Moraes - também esteve com Temer, no Planalto. Aos jornalistas, Aécio disse que as críticas ao ministro partem do PT. "Vi um presidente absolutamente tranquilo, dizendo que esse assunto estava superado." Na prática, porém, Temer ficou muito irritado com Moraes.
A ordem no Planalto agora é dizer que o episódio já é "página virada". No entra e sai do gabinete presidencial estiveram também o presidente mundial da Fiat Chrysler Automobiles, Sergio Marchione, e o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.