Em artigo publicadonesta quinta-feira (6) em alguns jornais e divulgado por meio das redes sociais, o presidente Michel Temer fez uma homenagem ao ex-presidente do PMDB Ulysses Guimarães, político que completaria 100 anos nesta quinta-feira. Ulysses foi o presidente da Assembleia Constituinte de 1988. A data foi lembrada também durante entrevista concedida de manhã à Rádio Jovem Pan. Na entrevista, Temer disse que, tendo por base as reuniões que tem feito com parlamentares, acredita na possibilidade da aprovação, pelo Congresso Nacional, da proposta que define um teto para os gastos públicos.
Segundo ele, se tal medida tivesse sido tomada há cinco anos o país não estaria na situação de déficit em que se encontra. Ele reiterou, no entanto, que seu governo está adotando de forma equilibrada as medidas necessárias para a recuperação da economia. "Vamos cuidar da reforma trabalhista após tratarmos da PEC [proposta de emenda à Constituição] do teto dos gastos e da reforma da Previdência, sempre com muito diálogo", disse o presidente. Temer falou também sobre a determinação que deu a integrantes de seu governo para que o programa Minha Casa Minha Vida atenda de imediato e sem a necessidade de sorteio as mães de crianças com microcefalia.
No artigo assinado por Temer, divulgado pelo Planalto, o presidente lembra a forma como Ulysses Guimarães conduzia a vida política e a Assembleia Constituinte. “Durante a Constituinte, atestei a força e a liderança extraordinárias desse homem público, fundamental para construir esse Brasil novo. Na verdade, falo de Brasil novo porque não fosse sua capacidade de agregação, de formulação de conceitos, de somar os contrários, não teríamos uma Constituição no Brasil”, disse ele no texto.
Temer acrescentou que teve muita influência de Ulysses ao longo de sua vida pública,. “Ele (Ulysses] tinha uma paciência extraordinária de ouvir e de comandar, por sua liderança natural”. "Elegendo-se 11 vezes deputado federal, manteve espantosa coerência político-ideológica. Foi elegante nas horas mais difíceis, cordato nos momentos de tumulto, e sempre parlamentar, o que significa a capacidade de dialogar quando a negociação parece impossível”, escreveu o presidente.
Ele citou uma frase de Ulysses que, em sua opinião, serviria de lema para os tempos atuais: “Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas, é inacessível tesouro no fundo do mar, inatingível pelas reivindicações populares.”
"Em 1972, em um sábado à noite, eu me dirigia a um bairro pobre e distante de São Paulo para levar uma pessoa que havia me pedido uma carona. Em dado momento, passei em frente a um bar e vi na carroceria de uma caminhonete um homem calvo, discursando para 30, 40 pessoas no máximo. Parei, curioso, para verificar quem era.
Fiquei olhando, seduzido não só pelas palavras, mas pelo fato em si.
Era o doutor Ulysses Guimarães, presidente do PMDB. Pensei: meu Deus, um homem desses, às sete horas da noite de sábado, fazendo pregação para 40 pessoas num entusiasmo tal como se falasse a uma multidão é fabuloso.
Fiquei tão admirado com aquele fato singelo, mas ao mesmo tempo tão significativo e expressivo, que pensei em como é forte e saudável a vida pública. Anos depois, ingressei na política ao me eleger deputado federal constituinte, mas aquele episódio me marcou para sempre.
Reverenciar e rememorar a figura do doutor Ulysses é rememorar e reverenciar um Brasil de valores positivos: honestidade, retidão, firmeza de propósito, austeridade e caráter.
O nosso Brasil nasceu juridicamente em 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada nossa Constituição. Nasceu um Estado democrático, um Estado participativo, um Estado que se opunha ao anterior, que era autoritário, centralizador, ditatorial.
Durante a Constituinte, atestei a força e a liderança extraordinárias desse homem público, fundamental para construir esse Brasil novo. Na verdade, falo de Brasil novo porque não fosse sua capacidade de agregação, de formulação de conceitos, de somar os contrários, não teríamos uma Constituição no Brasil.
Confesso que isso, de alguma maneira, serviu de norte para a minha vida pública. Com Ulysses eu aprendi a ouvir. Ele tinha uma paciência extraordinária de ouvir e de comandar, por sua liderança natural.
Hoje em dia, direitos individuais, democracia participativa, direitos sociais, direitos individuais foram pregações levadas adiante pelo doutor Ulysses e acolhidas por todos aqueles que acompanham sua liderança.
O elogio de Ulysses Guimarães — a quem a Câmara dos Deputados conferiu a honra máxima de batizar com seu nome o plenário em que realiza seu destino de Parlamento — é tecido por seu próprio trabalho, pertinácia e vocação.
Elegendo-se 11 vezes deputado federal, manteve espantosa coerência político-ideológica. Foi elegante nas horas mais difíceis, cordato nos momentos de tumulto, e sempre parlamentar, o que significa a capacidade de dialogar quando a negociação parece impossível.
Nunca é demais lembrar esse ensinamento do presidente mais longevo do PMDB, e que deve servir como lema para estes tempos difíceis: “Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas, é inacessível tesouro no fundo do mar, inatingível pelas reivindicações populares.”
Seguiremos seus ensinamentos eternos, sempre nos curvando e reverenciando sua Excelência, o cidadão brasileiro".