Deputados promovem confusão e adiam emenda sobre anistia ao caixa 2

A emenda prevê explicitamente que políticos e partidos não poderão ser punidos nas "esferas penal, civil e eleitoral"
Estadão Conteúdo e JC Online
Publicado em 24/11/2016 às 14:23
A emenda prevê explicitamente que políticos e partidos não poderão ser punidos nas "esferas penal, civil e eleitoral" Foto: Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara


Deputados articulavam aprovar em plenário nesta quinta-feira (24) uma emenda ao pacote de medidas de combate à corrupção que, ao invés de reforçar a atuação dos crimes, fará justamente o contrário: poderia blindar parlamentares e outros políticos de eventuais punições por terem recebido recursos não contabilizados, o famoso caixa 2. Após inúmeras tentativas de articulação junto ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e muita confusão no plenário, a votação sobre a emenda foi adiada.

A iniciativa a favor do Caixa 2, por exemplo, impediria enquadrar os políticos criminalmente por corrupção e lavagem de dinheiro, base das imputações penais feitas pela Operação Lava Jato. Essa ação, com o aval da cúpula da Câmara e do Senado, estava para ocorrer nesta quinta, às vésperas da conclusão do acordo de delação premiada da Odebrecht, que deve envolver mais de 100 políticos de partidos da base, como PMDB, PSDB e DEM, e da oposição, como o PT.

A emenda prevê explicitamente que políticos e partidos não poderão ser punidos nas "esferas penal, civil e eleitoral" caso tenham praticado o crime "até a data da publicação" da lei.

"Não será punível nas esferas penal, civil e eleitoral doação contabilizada, não contabilizada ou não declarada, omitida ou ocultada de bens, valores ou serviços, para financiamento de atividade político-partidária ou eleitoral realizada até a data da publicação desta Lei", diz o texto da emenda ao qual o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, teve acesso.

Ainda não está certo se a emenda vai passar, porque, mesmo em partidos que deverão ser atingidos pela delação da Odebrecht, com o PSDB e o PT, há quem resista a apoiar o acerto.

A decisão de enquadrar caixa dois no País por corrupção e lavagem de dinheiro ganhou corpo durante o julgamento do mensalão do PT pelo Supremo Tribunal Federal, em 2012. Foi essa tese que prevaleceu no caso e passou a ser aplicada em decisões judiciais Brasil afora, como no caso da Lava Jato.

Há ainda em curso uma articulação de bastidores para tentar garantir que a votação da anistia geral e irrestrita ocorra sem que os deputados deixem as suas "digitais". Deputados articulam tentar votar a matéria de forma simbólica, o que desobrigaria os parlamentares a registrarem nominalmente como votaram. No momento, os deputados decidem se vão aprovar a urgência para tentar votar o pacote logo em seguida.

Comissão especial

Na comissão especial, a emenda da anistia ampliada não foi incluída no parecer do relator, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), aprovado ontem à noite por unanimidade. Após se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RS), nesta quinta, o relator conversou com a reportagem e afirmou que não haverá mudança nenhuma no seu relatório. "Não tem mudança nenhuma, anistia estou fora", disse ele, referindo-se à tentativa de deputados de incluírem perdão a quem praticou no passado caixa 2 eleitoral.

Há em curso uma articulação de bastidores para tentar garantir que a votação da anistia geral e irrestrita ocorra sem que os deputados deixem as suas "digitais". Deputados articulam tentar votar a matéria de forma simbólica, o que desobrigaria os parlamentares a registrarem nominalmente como votaram.

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