O ministro da Cultura, Roberto Freire, evitou polemizar sobre a saída de seu antecessor, Marcelo Calero, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28). Ele disse que, ao ser convidado para o cargo, o presidente Michel Temer não informou a razão da escolha "Não procurei saber dos motivos e assumi porque o governo Temer é constitucional e é fruto do impeachment de Dilma", afirmou Freire.
O ministro reafirmou que priorizaria a decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no caso do agora ex-ministro Geddel Vieira de Lima, que pediu a liberação da construção de um imóvel em Salvador. "Se existe órgão técnico para decidir sobre patrimônio artístico, tem de respeitar a decisão técnica. Se alguém viesse pra mim, eu teria encerrado o assunto com o critério técnico", afirmou Freire.
Questionado sobre um processo semelhante de obras em Recife, o ministro disse que respeitará o que o Iphan definir, embora seja um processo diferente do de Salvador. "Não é uma coisa tão simples", afirmou.
Indagado sobre a postura do músico e compositor Chico Buarque de vetar a música "Roda Viva", de sua autoria, na abertura do programa, após a entrevista de Temer, Freire disse que ela é fruto de um processo de crescente intolerância. "O Roda Viva não entrevistou apenas Michel Temer, que é desafeto dele", afirmou. "Com Chico (Buarque) eu tive um excelente diálogo durante a ditadura. Felizmente não me transformei em um reacionário", emendou.
Roberto Freire afirmou que tem tranquilidade em dizer que não votou no presidente Michel Temer, mas que considera o governo dele "legítimo" após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O ministro lembrou que, mesmo não tendo votado em Itamar Franco - vice na chapa de Fernando Collor em 1989 - foi líder do governo dele. "Temer foi escolhido pelo governo que retiramos, da mesma forma que não votei em Itamar", disse o ministro, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28).
Freire demonstrou irritação ao ser questionado por participar de um governo envolvido em denúncias de corrupção e que, aparentemente, quer frear as investigações da Operação Lava Jato "O PPS, que eu represento, em nenhum momento quis acabar com a Lava Jato", afirmou.