A Polícia Federal, em conjunto com a Procuradoria-Geral da República, deflagrou nesta terça-feira (21) a Operação Satélites, nova fase da Operação Lava Jato autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com exclusividade, o Jornal do Commercio presenciou o quinto mandado de busca e apreensão no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, no edifício Maria Angela Lucena. Ainda não se tem informação de quem seria o apartamento.
No Recife, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo três em Boa Viagem, um na Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, e também um no Janga, em Paulista.
Ao todo, foram cumpridos 14 mandados em 13 endereços nas cidades de Brasília/DF, Maceió/AL, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ e Salvador/BA. O objetivo é investigar indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Mídias de computadores e documentos fiscais foram recolhidos em endereços do Grande Recife. As medidas são contra pessoas ligadas a senadores. No Estado, um dos alvos é Mário Barbosa Beltrão, empresário ligado ao senador Humberto Costa.
De acordo com a Polícia Federal, essa é a primeira vez em que são utilizadas informações dos acordos de colaboração premiada firmados com executivos e ex-executivos da Odebrecht. Os acordos foram homologados pelo STF em janeiro deste ano.
Trata-se da 7ª fase da Operação Lava Jato que apura o envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro junto ao STF. Outras três foram realizadas em 2015, duas em 2016 e uma em fevereiro deste ano. Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Em depoimento que faz parte de sua delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o esquema de propinas e corrupção na Petrobras repassou R$ 1 milhão à campanha de Humberto Costa para o Senado em 2010.
Segundo O Estado de S. Paulo, Paulo Roberto afirmou que o dinheiro foi solicitado pelo empresário Mário Barbosa Beltrão.
Acusação apresentada ao Supremo em dezembro do ano passado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, aponta que o peemedebista teria recebido propina de R$ 800 mil do esquema de corrupção na Petrobras por meio de doações eleitorais ao PMDB, em 2010.
Raupp é acusado de ter recebido R$ 500 mil para a sua campanha ao Senado em 2010, que, apesar de terem sido repassados via doações oficiais, teriam sido desviados do esquema de corrupção instalado na Petrobras, de acordo com a PGR. O senador nega irregularidades. A denúncia será julgada pelos cinco ministros que compõem a Segunda Turma do STF.
Eunício Oliveira (PMDB-CE) era conhecido entre os executivos da Odebrecht como o "índio", apelido utilizado pelo chamado departamento de propinas da empreiteira para se referir ao parlamentar.
O ex-diretor de Relações Institucionais da empresa Cláudio Melo Filho afirmou em sua colaboração premiada que o agora segundo homem na linha de sucessão presidencial teria recebido cerca de R$ 2,1 milhões em propinas entre outubro de 2013 e janeiro de 2014.