Pagamentos da Odebrecht não pararam mesmo com a Lava Jato, diz delator

Outro delator, Fernando Reis, ex-president da Odebrecht Ambiental, informou ainda que a prisão de Marcelo e as novas diretrizes de Emílio não impediram que a empreiteira pagasse valores irregulares
JC Online
Publicado em 17/04/2017 às 8:51
Outro delator, Fernando Reis, ex-president da Odebrecht Ambiental, informou ainda que a prisão de Marcelo e as novas diretrizes de Emílio não impediram que a empreiteira pagasse valores irregulares Foto: Foto: Reprodução


Em delação premiada realizada por Emílio Odebrecht, patriarca da empresa, foi revelado que mesmo com o início da Operação Lava Jato, os pagamentos da empreiteira continuaram sendo feitos. Segundo o delator, apenas em junho de 2015, após a prisão do filho Marcelo Odebrecht, ele mandou que os valores ilícitos não fossem mais repassados. Na época, a primeira fase da operação já havia sido deflagrada há mais de um ano, em março de 2014.

O empresário explicou um caso em que o marqueteiro Duda Mendonça estava envolvido para demonstrar aos funcionários o novo método aplicado na companhia. "Os compromissos que existiam estavam mortos", comentou.

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Na ocasião, Duda esperava pelo pagamento de uma dívida correspondente a três campanhas, uma delas a de Paulo Skaf (PMDB) em 2014, quando o político disputou o governo de São Paulo.

O repasse então teria sido feito depois de várias tentativas de acordo. O desfecho foi a compra de um terreno de Duda, localizado no sul da Bahia, por um valor acima do normal. "Seria um superfaturamento do terreno", relatou o patriarca.

Emílio tentou até desfazer o acordo, para encerrar o pagamento de propinas, mas o espaço seguia em nome de Duda Mendonça. Segundo ele, parte da verba e o espaço continuaram em posse do marqueteiro.

Mandei desmanchar o negócio, preferi que Duda ficasse nos devendo do que a gente para ele. Tenho um crédito com Duda que não está registrado", relatou.

Outro delator, Fernando Reis, ex-president da Odebrecht Ambiental, informou ainda que a prisão de Marcelo e as novas diretrizes de Emílio não impediram que a empreiteira pagasse valores irregulares. Segundo ele, R$ 3 milhões foram parcelados em três vezes em negociação acertada em maio de 2015. De acordo com Fernando, a quantia foi recebida por Ademir Bendine, ex-presidente da Petrobras e Banco do Brasil e o acordo acertado com Marcelo.

Defesa

Aldemir Bendine vem se manifestando sobre o caso, afirmando que nunca autorizou que ninguém tratasse sobre pagamentos ilícitos em seu nome. Ele contou ainda que, no período que esteve à frente das duas empresas, não agiu em favor de interessas da Odebrecht ou outras organizações.

Duda Mendonça, por sua vez, não se pronunciou sobre a acusação.

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