A tão esperada lista do ministro Edson Fachin, com o nome dos políticos que poderão ser alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), já veio à tona há quase 15 dias, mas por enquanto, no Congresso, o foco é a aprovação das reformas econômicas propostas pelo governo Temer. Esse cenário, que a princípio parece ser de calmaria, na verdade, revela a tensão dos políticos que estão com as mãos atadas e pouco podem fazer para tentar se livrar da Operação Lava Jato neste momento. A ordem em Brasília é garantir que a população acredite num futuro economicamente estável antes que o Congresso tente se blindar contra o avanço da operação.
Segundo o Jornal Folha de São Paulo, sob pressão, ao ver o agravamento da crise política no País, Michel Temer ofereceu ao Congresso o discurso de que a pauta econômica será a tábua de salvação de seu governo e de parlamentares atingidos em cheio pelas investigações.
Para garantir o mandato até o fim, Temer precisa, mesmo não sendo popular como mostram as pesquisas, dar prioridade à pauta econômica do País. As reformas, ainda que não agradem, serão um dos únicos legados dos cerca de 2 anos do peemedebista no Planalto. Mas para garantir o que já não é tão bem visto assim, o presidente ainda conta com a colaboração do Congresso no que toca a prevenção ao mal-estar com a Lava Jato.
O 'organograma' do governo é aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, garantindo em curto prazo a melhora nos índices econômicos e de popularidade, para só depois dar o primeiro passo em projetos como o de abuso de autoridade, que podem blindar os parlamentares de olho em 2018 em processos contra o caixa 2.
Em conversa com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), Temer admitiu o estrago causado pelas delações que colocaram 8 de seus 28 ministros —inclusive Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral)—, sob investigação do Supremo Tribunal Federal. Mas ponderou que, por ora, não vê clima possível para um enfrentamento com o Judiciário, conforme informações da Folha de São Paulo.
Caso o planejamento dê errado, a economia não deslanche e a Lava Jato não seja, aos poucos, alvo do cerceamento político, o presidente chegará ao fim do mandato cada vez mais afastado tanto da oposição como dos aliados, e nomes conhecidos que pretendem governar o Brasil a partir do ano que vem podem ver a vaga ser ocupada por novos rostos que, pelo menos no discurso, parecem mais alinhados com o fim da corrupção.