Atualizada às 15h53
Em reunião realizada neste sábado (20) pela manhã na sede do PSB em Brasília, a Comissão Executiva Nacional do partido decidiu deixar a base governista e pedir a renúncia de Temer à Presidência da República. A reunião foi convocada pelo presidente do partido, Carlos Siqueira, para avaliar a conjuntura política do Brasil, diante da divulgação de áudio de conversa entre o empresário Joesley Batista e Michel Temer, onde ele supostamente manda comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do conteúdo das delações da JBS, também envolvendo o presidente. Além de Siqueira, estão presentes o vice-governador do Estado de São Paulo, Márcio França, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), o deputado Julio Delgado (PSB-MG), entre outros.
O partido também decidiu fechar questão a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ), que propõe a antecipação das eleições diretas para presidente no Brasil. A medida prevê eleição direta no caso de vacância da presidência da República, exceto nos últimos seis meses de mandato. "Somos favoráveis para que a solução pós vacância do cargo seja estritamente dentro da Constituição nos termos atuais ou nos que venha a ser modificados pelo Congresso Nacional para viabilizar eventualmente a eleição direta para presidente da República", disse o presidente da sigla, Carlos Siqueira.
Logo após a divulgação do diálogo entre os donos da JBS e Michel Temer nesta quinta (18), o presidente do PSB pediu oficialmente que Fernando Coelho Filho (PSB) deixasse o cargo de ministro de Minas e Energia. A relação do PSB com o governo já não era das melhores. O partido vinha se posicionando contrariamente à agenda de Michel Temer, especialmente contra as reformas trabalhista e previdenciária. Durante a reunião, o presidente do PSB declarou que Fernando "admitiu que em 24 horas iria pensar". "Portanto ele tem liberdade para ficar, mas não em nome do partido. Mas há vários companheiros que acham que deve haver uma decisão de saída imediata".
Outra deliberação foi o pedido de celeridade do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com data mantida para o dia 6 de junho pelo ministro Luiz Fux. “Vamos pedir que seja antecipado o mais rápido possível. O Brasil não pode esperar”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), líder do partido no Senado, não foi visto na reunião. Bezerra é o pai do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e tem sido apontado como o principal ponto de resistência do PSB na debandada do governo Temer.
O PSB tem a sexta maior bancada no Congresso Nacional e no Senado Federal, com 42 parlamentares e representa 7% dos votos no Poder Legislativo. A legenda é a quarta maior em número de senadores (sete), empatado com o PP. Na Câmara, a sigla é a sétima mais representada, com 35 deputados federais.