A família de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), fornece gados para a empresa de carne JBS, que tem os irmãos Joesley e Wesley Batista como sócios. A dupla ficou em evidência na última semana, após acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Joesley abalou a política nacional ao gravar secretamente o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.
O acordo de delação, inclusive, foi homologado pelo tribunal do Supremo.
De acordo com Gilmar, em entrevista à Folha de S. Paulo, ele e Joesley chegaram a se encontrar na Escola de Direito, em Brasília, local onde o ministro integra o grupo de sócios. Ainda segundo Mendes, os dois não se viam há mais de um ano e Batista apareceu de surpresa enquanto ele conversava com o advogado Francisco de Assis e Silva, um dos delatores da JBS.
Na ocasião, segundo Gilmar, o empresário comentou sobre o agronegócio. A conversa teria acontecido após o julgamento sobre o Funrural, fundo que conta com contribuições de ruralistas à Previdência, ocorrida em 30 de março.
"Minha família é de agropecuaristas e vendemos gado para a JBS lá (Mato Grosso)", disse e complementou que seu irmão é o responsável por negociar valores com a empresa.
Gilmar disse ainda que não tem medo de ter sido gravado e que a relação estabelecida com a JBS não o impede de participar de votações sobre o grupo no futuro. "As causas de impedimento ou suspeição são estritas", relatou.
Ainda acerca do Funrural, Gilmar disse que foi a favor da manutenção dos pagamentos ao fundo, ou seja, contrário ao pedido dos produtores rurais. Na votação, o placar foi de 6 a 5.
"Votei contra os meus próprios interesses econômicos, pois minha família terá de pagar a contribuição atrasada".