A delação da JBS foi ignorada na primeira sessão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) desde que as denúncias dos executivos da empresa vieram a público, em maio. O conselho foi citado nas delações e foi alvo de busca e apreensão no dia seguinte da divulgação das denúncias.
A sessão desta quarta-feira (7) foi presidida pelo presidente interino, Gilvandro Araújo, que, assim como os outros conselheiros, também não fez referências ao assunto.
Executivos da JBS delataram ter pago propina ao agora ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), a mando do presidente Michel Temer, para obter decisão favorável do Cade em um caso envolvendo a termelétrica EPE Cuiabá, do grupo J&F, que entrou com ação no Cade questionando o preço estipulado pela Petrobras pelo fornecimento de gás. Segundo a delação, o deputado telefonou então para Araújo, pedindo que resolvesse a questão.
O Cade nega que tenha havido qualquer intervenção no conselho e ressalta que ainda não houve decisão no caso.
O Cade condenou por formação de cartel em licitações no Paraná as empresas Gaisller Moreira Engenharia e Feg Engenharia. As construtoras terão que pagar multa de cerca de R$ 3 milhões e R$ 60 mil respectivamente.
Também foram condenadas a Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas (APEOP), que pagará multa de R$ 210 mil e pessoas físicas ligadas às empresas.
Em seu voto, o conselheiro Paulo Burnier apresentou evidências como a ligação entre empresários que mostram que houve trocas de informações sobre preços e estratégias e tentativa de fraudar processos licitatórios. No mesmo caso, foi arquivado o processo contra outras empresas investigadas, entre elas a Construtora Triunfo e a Delta Construções por falta de provas.