João Doria: 'Aécio deve concentrar seu tempo na sua defesa'

Prefeito de São Paulo defendeu o afastamento de Aécio do partido e a realização de eleições internas para garantir a aprovação das reformas
Editoria de Política
Publicado em 26/06/2017 às 9:45
Prefeito de São Paulo defendeu o afastamento de Aécio do partido e a realização de eleições internas para garantir a aprovação das reformas Foto: PSDB / Divulgação


O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB) afirmou hoje, em entrevista ao programa Passando a Limpo da Rádio Jornal, que o senador afastado e ex-presidente do PSDB deve se afastar do partido, diante dos inquéritos abertos contra ele com base nas delações da Odebrecht e da JBS ao Ministério Público Federal (MPF)

"Não podemos ter uma medida pra julgar o PT e outra medida para julgar o PSDB. É preciso ter a mesma linha, o mesmo rigor. O rigor não implica em culpar antecipadamente, mas dar o direito de defesa, mas agir com firmeza, com determinação. Eu tenho respeito pelo senador Aécio Neves, mas entendo que hoje ele vive uma situação onde ele deve concentrar o seu tempo na sua defesa, para promover a sua ampla e irrestrita defesa", disse o prefeito. 

O PSDB encomendou uma pesquisa ao IPESP para ouvir a opinião pública em relação a situação de Aécio Neves. A pesquisa revelou um resultado não muito favorável para o senador, já que 61% das pessoas ouvidas defendem seu afastamento do partido, 32% acreditam que o partido deve esperar a conclusão das investigações para assumir um posicionamento e 7% não quiseram opinar. 

"A pesquisa reflete o sentimento, um posicionamento que pode merecer uma profunda reflexão do senador Aécio Neves", contou o João Dória. Ele defendeu o afastamento do senador para "permitir que o PSDB faça uma eleição, escolha seu presidente em definitivo e siga o seu caminho". 

Reformas

O prefeito de São Paulo alegou que a falta de liderança dentro do partido contribuiu para a derrota do governo na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) no Senado Federal na última terça-feira (20), com o texto da Reforma Trabalhista rejeitado por 10 votos a 9 e um voto contrário de um senador tucano, Eduardo Amorim (PSDB-SE). "Não deveria votar contra as reformas, foi uma 'bobeada', faltou liderança, uma ação mais incisiva, seja do PSDB, seja dos partidos da base. O Brasil precisa da Reforma Trabalhista, assim como da Reforma Previdenciária. Não pode haver essa mistura onde você tem o fator depreciativo da política influenciando uma medida de ordem econômica fundamental para a recuperação do país", disse Doria. 

PSDB

Atualmente, quem está no comando do PSDB é o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumiu interinamente após o afastamento de Aécio. A sigla permanece na base aliada do governo do presidente Michel Temer (PMDB), mas evidencia um racha interno, marcado pelas divergências entre o posicionamento dos "cabeças brancas", integrantes mais velhos do partido, que defendem a permanência na base e os "cabeças pretas", que defendem a sua saída. 

João defendeu a realização de novas eleições internas para rearticular o PSDB. "Nós precisamos ter uma liderança consolidada através da eleição. Em uma situação de temporariedade, mesmo com uma boa figura como é a do senador Tasso Jereissati não dá a ele autoridade plena e suficiente para comandar a bancada do PSDB no Senado e da Câmara ao lado dos líderes que já temos, fragiliza um pouco a condição do partido. Por isso que advogo que deveríamos ter eleições para a executiva do PSDB e refazer o trabalho para garantir as reformas"

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