O empresário Milton Schahin disse nesta segunda-feira (17) ao juiz federal Sérgio Moro, que pagou R$ 2,5 milhões em propinas aos executivos da Petrobras Nestor Cerveró e Eduardo Musa, e ao operador do PMDB, Fernando Baiano sobre contrato da empreiteira que dirige com a Petrobras para exploração do navio-sonda Vitória 10.000. Indagado pelo juiz da Lava Jato se considerava certo pagar vantagens ilícitas, Schahin disse que acha que sim.
Em sua avaliação, a Petrobras não sofreu prejuízos porque "o serviço foi feito e bem feito". Ele disse que "se orgulha do serviço que realizou". "Não dei nenhum prejuízo pra Petrobras, continuei fazendo meu trabalho com boa performance - isso atestado pela própria fiscalização da Petrobras. Estou fazendo esse trabalho de forma correta e recentemente eu tenho informação de que a própria Petrobras reconhece que não houve superfaturamento neste contrato. É um dado importante de dizer. É uma questão íntima de foro meu", afirmou o executivo.
Questionado por Moro se ele pagar propinas para os agentes "não era justificado", ele rebateu: "Como eu lhe disse, eu sinto que não prejudiquei a Petrobras. Fiz um trabalho que me orgulho e esse trabalho está executado".
O empreiteiro é delator. Ele fechou acordo de colaboração premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, base da Lava Jato. Ele depôs nos autos do processo relativo à 38.ª fase da operação, que pegou os lobistas Jorge e Bruno Luz, pai e filho, apontados como operadores de propinas do PMDB.
Schahin disse a Moro que "foi chantageado" a pagar propina. Se não pagasse, não conseguiria fechar contrato com a estatal petrolífera. Ele admitiu que os pagamentos foram dissimulados por meio de duas offshores e uma empresa indicada por Jorge e Bruno Luz, apontados como operadores do PMDB.
Os investigadores atribuem a Jorge e a Bruno Luz o papel de operadores de propinas do PMDB. Eles teriam distribuído US$ 40 milhões a políticos da sigla, principalmente em contas sediadas no exterior.