Um ano após impeachment, PSDB vive momento de forte divisão

Dividido em grupos, PSDB não sabe se fica no governo Temer e que candidato lançar à presidência
Paulo Veras
Publicado em 13/08/2017 às 13:25
Dividido em grupos, PSDB não sabe se fica no governo Temer e que candidato lançar à presidência Foto: Foto: PSDB


Maior partido de oposição ao PT, o PSDB tinha tudo para se beneficiar da derrocada do petismo, mas chega ao mês de aniversário do impeachment como um partido fortemente dividido, sem saber se deve permanecer no governo Temer, que candidato apresentar na corrida pelo Planalto e como agir em relação aos seus próceres acusados de corrupção, entre eles o presidente afastado da sigla Aécio Neves.

“O PSDB precisa decidir se vai apresentar um candidato de continuidade ao governo e a forma como a política está sendo praticada em todos os partidos ou se vai apresentar um candidato de ruptura”, cobra o deputado federal Daniel Coelho, um dos representantes do núcleo dos “cabeças pretas”, os tucanos jovens que querem o rompimento com Temer.

A manutenção do senador Tasso Jereissati na presidência interina do partido é vista como uma vitória desse grupo. Ao mesmo tempo, porém, os quatro ministros tucanos continuarão na gestão Temer, mostrando força. A bancada no Congresso mostrou estar rachada na votação da denúncia contra o presidente.

O acordo fechado nessa semana prevê a realização de convenções municipais, estaduais e uma nacional, que ocorrerá em dezembro, quando a sigla deve bater o martelo sobre quem será o candidato ao Planalto. O rito, porém, pode se transformar numa série de trincheiras entre as forças que vão disputar a posição majoritária do PSDB.

“Acho que vai ter acirramento. Você está se avizinhando o ano eleitoral. O país está fermentando e o partido também. Mas vai ter uma ativação da vida partidária. Vamos continuar no governo e focar todo o esforço na aprovação da reforma política, da previdência e tributária”, resume o ex-governador Joaquim Francisco.

No meio dessa indefinição, o PSDB ainda terá que decidir seu candidato à presidência. Com Aécio atingido, os nomes do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da Capital paulista, João Dória, são os mais cotados, enquanto Tasso passou a ser lembrado pelo grupo mais jovem. Com a crise política e eleições em novas regras, nem a legenda sabe qual a melhor opção.

DISPUTA ELEITORAL

“Na verdade, o que está acontecendo aí é que a gente já está pensando em 2018. Não só o PSDB, mas todos os partidos”, explica o deputado estadual Antônio Moraes, presidente do partido em Pernambuco, sobre a divisão que acometeu a sigla.

O clima tóxico entre os tucanos ficou visível com a prévia do programa de TV do partido que fala que a sigla errou e não basta pedir desculpas. A ideia é se reconectar com a sociedade, reconhecer o fisiologismo e buscar se diferenciar do PT. “Muita gente achou que tinha sido forte demais um pedido de desculpas. Exagerado. Inclusive porque se pediu desculpas sem dizer pelo que”, afirma a deputada estadual Terezinha Nunes. que integra a Executiva Nacional.

Para o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, essa também pode ser uma oportunidade. “Essa crise pode nos proporcionar um agravamento dessa divisão e um enfraquecimento do partido ou uma oportunidade para ele se reestruturar e se reposicionar politicamente”, diz.

TAGS
eleições 2018 PSDB
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory