A base aliada do governo Temer, principalmente os integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) da Câmara dos Deputados e no Senado Federal, onde está tramitando a meta fiscal de 2017 e 2018, deve travar a aprovação do aumento do rombo nos orçamentos em R$ 159 bilhões.
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Aliados estão insatisfeitos com a série de vetos do presidente Michel Temer (PMDB) à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018. "Um governo arrogante e prepotente é sinônimo de governo fracassado. A ideia não é retaliar. Mas não há como negar que esta atitude insensível, para não dizer irresponsável do governo, criou conflito desnecessário", afirmou o presidente da CMO, o senador Dário Berger (PMDB-SC).
Temer vetou um ponto da LDO que determinava que o Plano Nacional de Educação e a conclusão de obras inacabados seriam prioridades na execução do orçamento. Além disso, também vetou uma cláusula estabelecendo que o governo reduzisse as isenções fiscais.
A avaliação de aliados é que Temer teria "gastado" todas as suas munições para viabilizar o arquivamento da denúncia contra ele protocolada pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção passiva na Câmara dos Deputados, com a liberação de um número expressivo de emendas parlamentares e indicação de cargos. Agora, para aprovação a nova meta fiscal, ele já não teria tantos cargos e verbas para oferecer como contrapartida.
O presidente segue sendo pressionado pelos parlamentares. "Não reorganizar a Esplanada dos Ministérios poderá ser fatal", conta o deputado federal, Rogério Rosso (PSD-DF). Mas os líderes do governo minimizam a suposta falta de apoio e defendem a aprovação do ajuste. "Precisamos trabalhar os deputados mostrando a importância das matérias", disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB). "É natural que haja resistências nesse debate, e foi assim em outros governos, mas temos certeza de que teremos votos suficientes para colocar as contas em ordem", conta o líder do governo na Casa, o deputado André Moura (PSC-SE).
Já a equipe econômica no governo assume uma postura dura junto ao Congresso. O discurso é de que, sem a aprovação do aumento do deficit, o governo cortará serviços e irá congelar a liberação de emendas. O ministérios da Fazenda e do Planejamento tem confiança de que meta fiscal será aprovada, uma vez que os parlamentares irão se sensibilizar diante da possibilidade paralisação do governo caso ela não passe.