Em novos trechos de áudios gravados entre o dono da J&F, Joesley Batista, e o ex-diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud revelam ter a certeza que não seriam condenados após revelarem crimes no âmbito do acordo de delação premiada. Ao citar o ex-procurador Marcelo Miller como caminho para aproximação com o Ministério Público, Joesley afirma ser "joia da coroa" e afirma: "Nós não vamos ser presos".
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Os novos trechos de gravações, vazados nesta terça-feira (5), são alvo de um novo inquérito instaurado por pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e poderá anular os benefícios concedidos aos delatores da J&F, que têm sido considerados "impunes" por políticos e entidades mesmo após revelarem esquemas de pagamentos irregulares.
Em um dos trechos da gravação, Joesley cita o ex-procurador Miller como agente capaz de abrir uma "linha direta" com o MPF. "Nós somos joias da coroa dele. O Marcelo já descobriu e já falou com o Janot -'Janot, nós temos o pessoal que vai dar todas as provas que nós precisamos'- ele já entendeu isso", confirmou. "Vamos conversando tudo, nós vamos tocar esse negócio. Nós vamos sair lá na frente, vamos sair amigo de todo mundo e nós não vamos ser presos. Nós vamos salvar a empresa".
Em outra parte da gravação, Joesley volta a afirmar a Saud que eles não serão presos e que nenhum deles está "sofrendo" para fechar o acordo de delação. "Eu acho que estou entendo exatamente o que eles estão fazendo, e para mim está tudo normal. Eu estou entendendo tudo. Toda semana teve um 'bum, bum, bum', mas nada contra nós. Conosco não teve nada", atesta Joesley.
Para o empresário, ao se colocar no lugar de Janot, o procurador "põe pressão neles para eles entregaram tudo, mas não mexe com eles, dá pânico neles", supõe ao voltar a afirma que não poder ser condenado.
Os irmão Joesley e Wesley Batista não responderam criminalmente pelo esquema de propinas que revelaram a procuradores da República, não tiveram passaportes apreendidos e não foram submetidos a monitoramento via tornozeleiras eletrônicas. A multa estipulada a ser paga pelos irmãos foi alçada em R$ 225 milhões, que podem ser pagos ao longo de 10 anos.