Poucas horas antes da convenção do PSDB, o presidente Michel Temer recebeu no Palácio do Jaburu, residência oficial, o senador tucano Aécio Neves (MG), que é presidente licenciado do PSDB. Segundo interlocutores do presidente, ele fez um apelo pela reforma da Previdência e pediu apoio do tucano na reunião que ocorrerá ainda nesta quarta-feira, 22, na qual a legenda discutirá apoio à reforma da Previdência e o desembarque do governo Temer. O compromisso com Aécio não constava inicialmente na agenda oficial do presidente, mas a página com o encontro foi atualizada na internet.
Temer também tem reunião nesta manhã com o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta, o anunciado desembarque do PSDB do governo Michel Temer após a convenção que o partido realizará no dia 9 de dezembro não vai abranger os tucanos em cargos de segundo e terceiro escalões.
Interlocutores diretos do presidente descartaram veementemente uma possível saída de Parente. Segundo auxiliares de Temer, não há "nenhum horizonte" de troca no comando da estatal. Fontes do Planalto destacaram ainda que a escolha de Parente para o cargo não é fruto de nenhuma composição partidária e que ele foi escolhido por questões técnicas.
Apesar de o Planalto negar que a indicação de Parente seja do PSDB, ao Estado, o ex-governador Alberto Goldman, presidente interino do partido, defendeu que o executivo é "historicamente" ligado à sigla.
A ala que faz oposição a Aécio esvaziou a reunião da Executiva. Nem o senador Tasso Jereissati (CE), destituído da presidência interina do partido por Aécio, nem o líder da bancada na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), participam. Tasso está em Fortaleza e volta mais tarde para Brasília. Tripoli retorna de missão oficial na COP 23, na Alemanha.
Interlocutores do presidente negaram ainda que na conversa com Aécio o presidente discutiu uma possível saída do tucano Antonio Imbassahy da pasta da Secretaria de Governo. O cargo está sendo cobiçado pelo PMDB, que já indicou o nome do deputado Carlos Marun (MS)para a vaga.
O presidente, entretanto, tem dito que quer fazer a melhor costura possível nesta troca para evitar desgastes. Na noite desta quarta, quando Temer receberá boa parte da base aliada para um jantar no Alvorada, o governo quer medir a temperatura em torno da reforma da Previdência, ouvir as demandas e definir os próximos passos das mudanças no primeiro escalão que Temer já avisou que serão paulatinas e durarão até março.
O presidente avisou que intensificará a agenda para tentar garantir os 308 votos necessários para a aprovar a reforma da Previdência. Ele recebe ainda hoje um grupo de governadores para uma reunião seguida de um almoço no Palácio da Alvorada. Às 15h30, Temer participa de cerimônia de posse de Alexandre Baldy no lugar do tucano Bruno Araújo no Ministério das Cidades.
Às 17h, recebe, ao lado do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, também para pedir apoio para a reforma. Apesar disso, Ziulkoski já avisou que trará demanda de ajuda aos municípios, que reclamam que muitos programas do governo federal não estão tendo reajustes e estão sufocando as contas municipais Hoje a CNM fará um protesto em frente ao Congresso, com um barco de cerca de 14 metros para alertar o risco de os municípios "afundarem".
Às 18h, Temer participa de cerimônia de anúncio de Política de Governança Pública e, às 20h, oferece o jantar para a base aliada. Pela manhã, Temer recebeu a delegação brasileira que conquistou o segundo lugar em competição de profissões técnicas na WorldSkills, realizada em Abu Dhabi.