Políticos dos mais diversos partidos já se manifestaram sobre a ordem de prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. O despacho do juíz Sérgio Moro foi publicado nesta quinta-feira (5).
Autor da denúncia do esquema do mensalão do PT em 2005, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-SP) recomendou nesta quinta-feira, 5, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resignação, paciência, humildade e calma na prisão. O petista teve a prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, que deu até as 17 horas desta sexta-feira, 6, para que o ex-presidente se apresente à Polícia Federal.
"Não tenho sentimento de vingança em relação a Lula. Também não desejo seu mal. Muito menos comemoro sua prisão. Já passei por isso e sei o quanto uma prisão é desumana, cruel", afirmou Jefferson, que passou dois anos presos, após ser condenado no processo do mensalão. "Recomendo a Lula resignação, paciência, humildade, calma. Que saiba tirar as lições necessárias", emendou o ex-deputado, que é presidente nacional do PTB.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a decisão do juiz Sérgio Moro reedita os tempos da ditadura militar. Para ela, Moro não esperou se esgotarem os prazos de recurso e está "armado de rancor e ódio".
"Violência sem precedentes na nossa história democrática. Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura", disse por meio do Twitter.
Moro deu prazo até esta sexta-feira, 6, ao ex-presidente para ele se apresentar 'voluntariamente' à Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Em despacho desta quinta, 5, Moro estipulou a Lula que se apresente até às 17h.
Líder do PSB na Câmara, o deputado Júlio Delgado (MG), admitiu que a ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pegou todos de surpresa e previu o acirramento dos ânimos com o encarceramento do petista. "A decisão de hoje piora o quadro. Fica agudo o sentimento daqueles que torcem pela prisão e pelos que torcem para que ele não seja preso. Só tensiona mais o clima", comentou.
Para o parlamentar, ao decretar a prisão de Lula no dia seguinte à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de negar habeas corpus, o juiz Sérgio Moro sinaliza que a ordem de prisão já vinha sendo gestada junto ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região há algum tempo. "Achei um negócio meio corrido", completou.
Delgado acredita que o PT adotará agora o discurso de vitimização e prevê que o início do cumprimento da pena "mexerá no tabuleiro eleitoral em geral". "Agora efetivamente Lula está fora do jogo. Ninguém vai sustentar a candidatura de alguém preso", concluiu.
O líder do DEM, Rodrigo Garcia (SP), disse que Moro seguiu a lei ao determinar a prisão de Lula. "O ex-presidente teve direito a sua defesa, a usar todos os recursos estabelecidos no Código Penal e foi condenado. Por isso, espero que ele se apresente conforme a determinação do juiz Sérgio Moro", declarou.
Pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) afirmou que é "lastimável" ver um ex-presidente ser conduzido à prisão, mas considerou a decisão um "avanço" para o País.
"A impunidade perdeu; o Estado de direito prevaleceu. As leis estão governando os homens nesse momento e estamos caminhando para a inauguração de uma nova Justiça no Brasil. É assim que se constrói uma grande nação", disse Dias em vídeo publicado no Twitter após a decisão.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 5, que aqueles que têm responsabilidade pública não podem celebrar a ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), expedida pelo juiz federal Sérgio Moro no fim desta tarde. Maia disse ainda que qualquer manifestação sobre a prisão do petista deverá respeitar a ordem institucional.
"Aqueles que têm responsabilidade pública, em qualquer nação, não podem celebrar a ordem de prisão de um ex-presidente da República. No entanto, o mandado de prisão decorreu de um processo submetido à mais alta Corte do Poder Judiciário, em que foi respeitado o amplo direito de defesa", afirmou o parlamentar fluminense, que é pré-candidato à Presidência da República, em nota à imprensa.
Maia afirmou que a democracia brasileira está madura e que, por isso, manifestações sobre a prisão devem respeitar o Estado democrático de direito. "O Brasil é uma democracia madura onde as instituições funcionam plenamente. Toda e qualquer manifestação em relação ao mandado de prisão precisa respeitar a ordem institucional", declarou o presidente da Câmara.