WSJ: Prisão de Lula acelera tendência conservadora na América Latina

Segundo o WSJ, jornal norte-americano, a esquerda brasileira, antes vista como superior, ficou manchada por laços com o governo venezuelano e corrupção
Estadão Conteúdo
Publicado em 09/04/2018 às 11:00
Segundo o WSJ, jornal norte-americano, a esquerda brasileira, antes vista como superior, ficou manchada por laços com o governo venezuelano e corrupção Foto: Foto: EBC


A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último sábado (7) marca uma nova baixa para o socialismo da América Latina e acelera a tendência conservadora no continente, segundo reportagem especial publicada nas versões impressa e online do "The Wall Street Journal (WSJ)", nesta segunda-feira (9).

Com a foto de um outdoor no qual aparece uma propaganda do pré-candidato à Presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o jornal destaca a ascensão de grupos evangélicos e a insatisfação crescente com a ilegalidade como fenômenos que lideram a guinada à direita no País.

De acordo com o jornal, a esquerda brasileira, "antes vista como moralmente superior", ficou manchada por seus laços com o governo da Venezuela e pelo escândalo de corrupção na Petrobras, que desencadeou a Operação Lava Jato. Isso teria dado espaço para a parcela mais conservadora da população "sair do armário", diz a publicação, citando o professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor.

"Pautas conservadoras a favor de leis que restringem o acesso a armas, reduzem a maioridade penal de 18 para 16 anos e a proibição do aborto até em casos de estupro estão ganhando força no Congresso", diz a reportagem. O movimento está deixando os cidadãos liberais preocupados, uma vez que o Brasil está entre os países com maior desigualdade do mundo, tem racismo enraizado e só começou a avançar em direitos das mulheres e minorias recentemente, segundo o jornal.

A tendência conservadora na América Latina teria começado com o afastamento do socialismo desde o fim do boom das commodities liderado pela China. "Com o esvaziamento dos cofres dos governos, a chamada "maré rosa" das lideranças de esquerda começou a baixar, começando pela eleição de 2015 na Argentina, que teve Mauricio Macri, empresário de centro-direita, como vencedor", salienta a reportagem.

Figura do conservadorismo

No Brasil, a ascensão do conservadorismo estaria traduzida na figura de Bolsonaro, cristão devoto que "se candidata à Presidência com uma plataforma pró-armamento, antiaborto e contra direitos dos homossexuais" e tem cerca de 20% das intenções de voto. A matéria ressalta a comparação frequente do pré-candidato à figura de Donald Trump. "Assim como o presidente americano, Bolsonaro é pai de cinco e agora casado com sua terceira esposa, mas faz campanha como defensor da família tradicional", diz o texto.

"Seus comentários - inclusive dizer a uma deputada que ela não era bonita o suficiente para ser estuprada - são vistos como sinal de honestidade", afirmou o The Wall Street Journal. "Em seu sétimo mandato como deputado federal, Bolsonaro continua imune aos principais escândalos do País".

TAGS
LULA conservadorismo Wall Street Journal esquerda
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory