Empresário diz que foi pago por PSDB na Suíça

Em delação, empresário afirmou receber pagamento em benefício da campanha presidencial de José Serra em 2010
Estadão Conteúdo
Publicado em 28/04/2018 às 11:35
Em delação, empresário afirmou receber pagamento em benefício da campanha presidencial de José Serra em 2010 Foto: Foto: Geraldo Magela/Agência Senado


O empresário e ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho afirmou à Polícia Federal que, entre 2009 e 2010, recebeu ¤ 6,5 milhões (o equivalente a R$ 27,2 milhões pelo câmbio de sexta, 27) como pagamento pelo empréstimo de avião da sua propriedade para a campanha presidencial do PSDB, que teve como candidato o hoje senador José Serra (SP). Ainda segundo ele, o dinheiro foi depositado em contas na Suíça. 

O ex-deputado foi interrogado em 7 de fevereiro no inquérito que apura se recursos do Rodoanel Trecho Sul, em São Paulo, teriam abastecido a campanha de Serra ao Planalto. A investigação, que está no Supremo Tribunal Federal, se baseia na delação da Odebrecht, mas ex-executivos da Andrade Gutierrez e da OAS também admitiram repasses de 0,75% a intermediários supostamente em benefício do tucano.

"Que no ano de 2009, disponibilizou sua aeronave para o PSDB, a qual foi utilizada no transporte de dirigentes partidários de vários partidos aliados", diz trecho do depoimento. 

Cezar Coelho afirmou ter deixado disponível sua aeronave para o PSDB já em 2009, ano em que, segundo ele, o então presidente do partido, Sérgio Guerra (morto em 2014), viajava em busca de alianças. "Que no ano de 2009 o presidente do PSDB à época, então senador Sergio Guerra, realizou diversas viagens pelo Brasil com o objetivo de filiação no PSDB de líderes políticos locais para fortalecer a próxima candidatura para a Presidência da República, que ocorreria em 2010." 

Ele acrescentou ter pedido que os pagamentos fossem feitos para uma operadora de táxi aéreo. Mas o tucano, segundo seu relato, respondeu que "somente poderia efetuar os pagamentos diretamente no exterior". Questionado, disse que desconhecia a "origem dos recursos depositados". 

Ele declarou que "alimentava sua conta" em um banco suíço "através de investimentos que realizava" e que, em 2016, repatriou cerca de R$ 23 milhões.

Odebrecht

O ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis e outros colaboradores já relataram pagamento de R$ 23 milhões a Cezar Coelho a pedido de Guerra para campanhas majoritárias do partido. Segundo Novis, a negociação do repasse foi "tratada com Ronaldo Cezar Coelho" e outras "pessoas indicadas diretamente por José Serra". Hoje no PSD, Cezar Coelho foi filiado ao PSDB de 1988 a 2013.

O senador José Serra não quis se manifestar sobre o caso. O PSDB não respondeu aos contatos da reportagem até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

 

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