O presidente eleito Jair Bolsonaro baixou uma espécie de lei do silêncio na reunião ministerial desta quarta-feira (19) e pediu aos ministros que não se pronunciassem sobre a decisão do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na véspera do recesso do Judiciário, Marco Aurélio suspendeu a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, abrindo caminho para a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Lava Jato.
Embora na reunião, realizada na Granja do Torto, o clima tenha sido de contrariedade com a decisão de Marco Aurélio, os ministros não se pronunciaram sobre o assunto.
O titular da Cidadania, Osmar Terra, chegou a fazer um comentário crítico no Twitter, mas logo depois apagou a postagem. "Respeito a decisão do Ministro Marco Aurélio. Mas as consequências dela serão trágicas para a credibilidade da Justiça brasileira e para a luta contra a corrupção!!", escreveu Terra. A publicação saiu das redes sociais em pouco tempo.
Na avaliação de Bolsonaro, a reunião ministerial deveria passar à população a mensagem de que o governo está discutindo as ações a serem adotadas a partir de 2019 para tirar o País da crise. A portas fechadas, porém, o tema "aterrissou" no encontro e foi dito que ali que não cabe ao futuro governo se insurgir publicamente contra o Judiciário.
Fora da Granja do Torto, no entanto, aliados de Bolsonaro usaram termos duros para se referir à possibilidade de soltura de Lula e muitos chegaram a pregar a intervenção no Supremo.