O futuro chefe da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni (DEM), disse que não irá comentar as declarações de Fabrício Queiroz - ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) -, que teve movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em conta bancária.
Na quarta-feira (26) Fabrício Queiroz veio a público pela primeira vez após o jornal O Estado de S. Paulo revelar, no início do mês, que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o implicava, com transações em um período de 1 ano, quando trabalhava no gabinete do primogênito do presidente eleito Jair Bolsonaro. Queiroz disse que a movimentação se devia a compra e revenda de carros, mas não explicou depósitos de outros assessores de Flavio Bolsonaro em sua conta.
"Não vou falar sobre isso, não me cabe falar sobre isso. Estou tentando mostrar ao Brasil o fruto dos trabalhos nestes dois meses", disse Onyx Lorenzoni nesta quinta-feira (27) em coletiva de imprensa, na qual apresentou o plano dos primeiros 100 dias de governo. Ele negou que o tema tenha sido discutido entre ministros durante um curso de capacitação em gestão e governança realizado nesta quinta-feira. "Não conversamos sobre esse assunto".
Fabrício Queiroz faltou a duas audiências marcadas com o Ministério Público para prestar esclarecimentos.
Também nesta quinta-feira, o futuro ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, disse que o caso do ex-assessor de Flavio Bolsonaro "não é assunto de governo", mas "de parlamentar".
"Isso aí não é um assunto de governo, apesar de ter o sobrenome, a pessoa ser filha do presidente, sempre tem um reflexo, mas não é assunto de governo. É assunto de parlamentar", afirmou Santos Cruz, ao chegar à sede de transição do governo no CCBB. Ele disse ainda que não vai se "preocupar com aquilo que não é essencial no momento".
O futuro ministro também disse que não viu a entrevista de Queiroz e que não conversou com os outros ministros sobre isso. Santos Cruz reconheceu, contudo, que "pela relação de parentesco, pode ter uma consequência qualquer", mas insistiu que é preciso "separar as coisas". "Qualquer pessoa pública, ela tem que esclarecer aquilo que é duvidoso, sem dúvida nenhuma. Isso é normal", afirmou.
Santos Cruz disse também que, como gestor, vai priorizar a contratação de técnicos no quadro de funcionários. "Vou ficar muito longe do limite possível de indicações políticas. Você tem um limite, se não me engano, de 50% para cargos até DAS-4, e depois 60% para DAS-5 e 6. A máxima do meu pessoal é funcionário de carreira", afirmou. "Pessoal de carreira deve ser valorizado", concluiu, antes de entrar na reunião ministerial.