O chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio Wajngarten, disse nesta terça-feira (28) em audiência no Senado, que não há ingerência dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, especialmente do vereador no Rio Carlos Bolsonaro (PSC), na comunicação do governo.
Ele também negou que uma eventual disputa pelo controle de verbas publicitárias seja o pano de fundo de atritos entre o ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, superior imediato da Secom, e o escritor Olavo de Carvalho, admirado pela família presidencial.
"Eu não noto essa ingerência dos filhos. O presidente deu à Secom liberdade total para a gente trabalhar tecnicamente (...). A disputa pela comunicação em nenhum momento teve relação com verbas. O que eu notei foi uma disputa de paixão pelo presidente, de quem queria ficar mais perto do presidente. Em nada passou perto da disputa de verbas, nada", afirmou Wajngarten.
Apesar da predileção do presidente pelas mídias sociais, o secretário se definiu como defensor da "comunicação direta com o cidadão", que deve encontrar informação "verdadeira e primária" nos meios oficiais. "O governo buscará através da comunicação responsável minimizar os efeitos das fake news, mesmo sabendo que o avanço tecnológico dificulta e muito isso", afirmou o chefe da Secom.
Empresário do setor de monitoramento de audiência na TV, ele se declarou a favor da distribuição das campanhas de publicidade do governo em vários veículos e meios de comunicação. "Sou amante da velha mídia, do rádio, da televisão, do jornal de papel", disse.
Segundo ele, é um erro apostar apenas no digital: "Fugindo dos grandes centros não temos infraestrutura necessária nem barata para que a população tenha consumo de conteúdo digital, através da internet. Pensar que a comunicação se resolverá através do digital é um equívoco".
O secretário disse que encontrou uma Secom, comanda antes pelo ex-assessor de Bolsonaro na Câmara Floriano Almeida, "totalmente destroçada", com equipe desmotivada e equívocos por corrigir. "A comunicação estava muito vilanizada. Comunicar não é desvio de verba pública, não é corrupção", afirmou.
Chefe da Secom antecipou que a secretaria vai distribuir a verba publicitária da Presidência - R$ 108 milhões atualmente - segundo critérios técnicos de audiência e não ideológicos. Ele também se comprometeu em dar mais transparência ao relacionamento com agências de publicidade que prestam serviço ao governo e anunciou que deverá tentar negociações em bloco com outros órgãos - como ministérios, bancos e empresas com participação estatal cujo volume aplicado em publicidade supera o da Secom.
"O mote da Secom serão os investimentos responsáveis, investimentos em comunicação, que certamente vão dar retorno multiplicado em cima de cada real investido", disse Wajngarten. "A gente via trazer a expertise da iniciativa privada para compra e negociação de mídia, modelo utilizado em grandes anunciantes. Vamos reunir todo o volume de mídia que o governo movimenta e vamos fazer uma negociação única. A gente estima que poderá ter uma economia entre R$ 450 milhões e R$ 550 milhões", disse Wajngarten
O secretário declarou-se a favor da promoção da mídia regional, de rádios e TVs para garantir mais vozes e uma comunicação democratizada. "Se a gente não tiver uma distribuição grande e equilibrada, a gente se torna um País de uma voz só. Estejam certos de que enquanto eu estiver lá sentado isso não será permitido", afirmou aos senadores.
Wajngarten disse que o governo não vai pautar as campanhas por preconceitos ideológicos com veículos. "O governo tem que falar com todo mundo, investir em todo mundo, alicerçado nos mais rígidos critérios técnicos", ressaltou. O secretário afirmou que considera que a campanha da Nova Previdência engajou a população, o que diz ter visto nas manifestações em favor do presidente.