O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (12/08) que pretende acabar com os radares móveis nas estradas brasileiras. A declaração ocorreu em uma cerimônia de liberação de um trecho de 47 quilômetros de duplicação da BR-116 na cidade de Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul. O radar móvel é um equipamento portátil, que pode ser utilizado em qualquer extensão da via. Geralmente, estes radares ficam em posse de um agente de trânsito ou apoiados em um tripé.
"Estou com uma briga na Justiça, junto com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, para acabar com os radares móveis do Brasil", disse o presidente em seu discurso. "Isso é coisa de uma máfia de multas, é um dinheiro que vai para o bolso de poucos aqui no Brasil, é uma indústria de multas", comentou. E prometeu: "A partir da semana que vem, não teremos mais essa covardia de radares móveis no Brasil".
Além disso, o presidente citou o projeto que seu governo enviou para a Câmara dos Deputados, aumentando a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de 5 para 10 anos e acabando com a exclusividade dos Detrans de escolher qual médico pode conceder o atestado de saúde para que os cidadãos consigam a habilitação.
Bolsonaro também afirmou que "sugeriu" que o limite máximo de pontos para que um motorista perca a habilitação seja aumentado de 20 para 40 pontos, "porque quando um motorista profissional perde sua carteira de motorista, na verdade ele está perdendo a sua carteira de trabalho".
De acordo com dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), graças à fiscalização dos radares em Pernambuco, o número de acidentes em rodovias federais em 2018 diminuiu 21,4% em relação ao ano anterior. A quantidade de feridos e de mortos também apresentou uma redução. O balanço apresentou que, pela primeira vez em nove anos, a quantidade de mortes foi menor do que 300. Falta de atenção, desobediência às normas de trânsito e de velocidade foram as principais causas dos acidentes.
Segundo a PRF, em 2018, o órgão registrou uma redução de 14,2% das mortes no Estado, que saiu de 343, em 2017, para 294 no ano passado. O total de feridos em 2018 foi de 2.736, enquanto que em 2017 foram 3.086, apresentando uma queda de 11,3%. O número de acidentes no ano passado foi de 2.699. Já em 2017, havia sido de 3.435.
Entre os acidentes em que houve mortes, as principais causas foram falta de atenção (35%); desobediência às normas de trânsito (15,3%), velocidade incompatível (11,5%) e ingestão de álcool pelo motorista (6,4%).
Os acidentes que mais resultaram em mortes foram colisões frontais (22,7%) e os atropelamentos (15,6%); os que aconteceram à noite (53,4%); quando a pista estava seca (90,7%) e em pista simples (62,2%). Os homens morreram mais do que as mulheres, sendo 87% das vítimas que faleceram.
De janeiro a dezembro do ano passado, 104 mil multas foram emitidas pela PRF em Pernambuco. As mais cometidas pelos motoristas foram as ultrapassagens em locais proibidos (6.036); o não uso do cinto de segurança (5.236); a falta de capacete (1.044) e ausência de dispositivos de retenção para crianças (618). Foram realizadas 32.036 imagens de radas por excesso de velocidade.
A PRF realizou 83.077 testes com o bafômetro, que resultaram em 1.729 condutores autuados e 177 presos. A fiscalização feita pela PRF ainda resultou no recolhimento de 9.738 veículos, 8.954 Certificados de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLVs) e 2.072 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs).
O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) disse que a não fiscalização do limite de velocidade fere a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), que sugere a redução e controle de velocidade como forma de reduzir o número de acidentes. "Vai aumentar significativamente o número de acidentes fatais e graves, além claro da sensação de impunidade", disse a entidade através de nota enviada ao Jornal do Commercio.
"Como já comprovado em uma dezena de estudos e avaliações, a grande maioria dos condutores reduzem a velocidade somente nos pontos onde há radares e/ou lombadas eletrônicas", completou o Observatório.
No discurso de cerca de dez minutos, onde ao fundo era possível ouvir pessoas gritando "mito", Bolsonaro também mencionou que pretende, "em 2023", integrar a malha ferroviária da região Sul com a malha em construção que ligará o porto de Taqui, no Maranhão, ao porto de Santos, em São Paulo. "Não dá pra fazer antes de 2023", afirmou o presidente, sinalizando que buscará a reeleição em 2022.