Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (12), a autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), saiu em defesa da regulamentação de palestras feitas por agentes públicos como o procurador Deltan Dallagnol. "Acho que tem que regulamentar, acho que tem que ter limites na renumeração", disse. A deputada ainda citou uma reportagem da revista Crusoé, onde apontou que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) participaram de palestras e recebiam o pagamento através da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
"Ele (Deltan) deu palestras, mas os ministros do Supremo também (ministra palestras). Essa semana mesmo a revista Crusoé trouxe palestras de valores elevados, despesas de viagens para a Europa, todas pagas pela Itaipu, com altas autoridades. Então se vão punir Deltan, tem que punir esse pessoal (ministros do STF) todo também. Que é mais grave, porque quem pagou foi Itaipu", disse a deputada do PSL. "Eu tenho que ser justa".
Sobre as últimas declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), a parlamentar ressaltou que tem se manifestado com frequência sobre o assunto para aconselhar Bolsonaro e não para criticá-lo. "Tenho me manifestado com frequência, não com intuito de criticar, mas com o intuito de aconselhar. Ele (presidente Bolsonaro) não tem que ficar calado, mas tem que cuidar das suas manifestações", explicou.
Ainda segundo Paschoal, muitos dos eleitores de Bolsonaro estariam "aflitos" com as suas recentes falas e lembrou que o presidente precisa lembrar do importante momento que o País está vivendo. "Pouco a pouco ele (Bolsonaro) vai minando a confiança das pessoas que votaram nele, das pessoas que fizeram campanha para ele. Tenho encontrado muitos eleitores que aflitos, porque nós estamos no meio de uma série de questões importantes e o presidente segue muitas vezes fazendo piada, fazendo comentários que não deveria fazer", completou.
Questionada sobre ser uma "pessoa conservadora" a assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR) no lugar de Raquel Dodge, no próximo mês de setembro, Janaína Paschoal afirmou apenas temer que seja alguém que "fale tudo que o presidente (Bolsonaro) quer ouvir".
"Eu não vejo por onde podemos ter uma pessoa muito conservadora. São tão raros os quadros no MP (Ministério Público) que se pode dizer conservadores, então esse temos eu não tenho não. Tenho medo que o presidente (Bolsonaro) escolha uma pessoa que fale tudo que o presidente quer ouvir. Prefiro uma pessoa claramente de esquerda, claramente de direita, do que uma pessoa que muda a depender das oportunidades. Isso me preocupa", apontou a parlamentar no programa Passando a Limpo.
Ainda sobre a eleição da PGR, a deputada descartou aprovar um(a) advogado(a) do Ministério Público (MP) para assumir a posição de procurador(a). "Também me preocupa ter uma pessoa na PGR sendo uma pessoa do MP que advoga, também sou advogada, mas penso ser errado uma pessoa de escritório, da banca de advogacia. A pessoa escolhida tem que ser uma pessoa um pouco mais madura. O cargo não precisa apenas de conhecimento técnico, mas precisa de maturidade", acrescentou.
No último sábado (10), Bolsonaro chegou a declarar que o futuro chefe da PGR não será alinhado com o governo, mas com o Brasil. Ele pretende indicar o próximo titular da PGR na semana que vem. "Não é com o governo, é com o Brasil", respondeu o presidente, quando questionado se o escolhido será alinhado com o governo.
"É igual meus ministros; não estão alinhados comigo. Cada ministro conhece a sua pasta. Agora todos que vieram trabalhar comigo sabiam que eu era contra o Estatuto do Desarmamento, o que eu pensava de tudo, sabiam disso aí."
Ainda na entrevista desta segunda (12), Janaína criticou a posição do presidente Bolsonaro diante o ministro de Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. De acordo com a advogada, o ministro é uma peça importante para o governo.
"A verdade é uma só. A presença dele (Sergio Moro) no governo é fundamental. Ele é um ministro de Estado. Então se o presidente quer enfraquece-lo, vai acabar prejudicando o próprio governo. Entendeu? Ele (presidente Bolsonaro) se ilude. Se ele acha que nós fizemos a campanha dele, que a gente trabalhou para elegê-lo por causa dele. Nós fizemos tudo isso em prol do processo de depuração. O Moro representa esse processo. É importante o presidente ter isso bem claro", ressaltou.