O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu desculpas publicamente ao presidente da corte, ministro Dias Toffoli, por ter dito que era preciso "chamar um professor de javanês" após o voto do colega em julgamento na semana passada. Logo no início da sessão do Supremo desta quarta-feira, 27, Barroso disse que o comentário foi feito em ambiente privado, já no salão branco, reservado a ministros da Corte, e lamentou que foi "captado por um microfone poderoso".
"Eu gostaria de expressamente reiterar o meu apreço pessoal por vossa excelência, que não é abalado por eventuais compreensões diferentes do direito em algumas situações. E nessa linha presidente eu lamento que um comentário interno que fiz já dentro do salão branco, após o julgamento de quarta-feira passada, a propósito de um conto de Lima Barreto, tenha sido captado por um microfone poderoso", disse o ministro.
O comentário, reproduzido nas redes sociais em forma de vídeo, traduzia "a picardia legítima em uma roda de colegas e amigos", segundo Barroso. "Não constituía uma declaração pública como parte do noticiário fez transparecer. Tenho a preocupação nesta vida de não causar mal a ninguém, e menos ainda às pessoas por quem tenho estima, como é o caso de vossa excelência", concluiu o ministro. Toffoli respondeu ao colega dizendo que a estima era recíproca.
O presidente do Supremo não gostou de o colega ter dito que precisavam chamar um professor de javanês para interpretar o voto de Toffoli no julgamento da Receita, semana passada. Na sessão do Tribunal Superior Eleitoral desta terça-feira, 26, Barroso e a ministra Rosa Weber conversaram sobre o episódio. Mais uma vez, um microfone gravou a voz do ministro e veiculou ao vivo no site do tribunal, logo no início da sessão.