Grupos pró e contra impeachment se enfrentam em São Paulo

Confronto aconteceu em frente à sede da Fiesp
Agência Brasil
Publicado em 15/05/2016 às 21:34
Confronto aconteceu em frente à sede da Fiesp Foto: Miguel Schincariol/AFP


Manifestantes pró e contra o impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff se estranharam em frente à sede da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) no início da noite de hoje (15). Embora ambos defendam a saída do presidente interino Michel Temer, houve empurra-empurra, gritos, provocação e tensão entre os dois lados. Neste momento, o clima continua tenso, mas sem agressão, ainda que os dois lados continuem se provocando. 

A Polícia Militar não interveio no empurra-empurra, mas criou uma linha de policiais em frente às barracas para defender os manifestantes acampados em frente ao  prédio da Fiesp desde meados de março e que estão em menor número hoje. 

A reportagem da Agência Brasil, que acompanhou todo o ato de hoje, não percebeu o início da briga, mas conversou com representantes de ambos os lados, que jogaram a responsabilidade para o opositor. 

Provocações A estudante de Direito Bibiana Oliveira, 21 anos, favorável ao impeachment de Dilma, provocou e foi provocada na confusão. Ela está acampada em frente ao prédio da Fiesp desde março e disse que pretende ficar ali até que Temer saia da Presidência. 

"Eles [manifestantes contrários a ela] ficam gritando 'sem violêncià, mas vieram aqui pichar e quebrar nossas placas. O caso mais grave foi um menino que veio chutar nossas barracas e que tentou me bater", informou Bibiana. A reportagem flagrou a estudante também provocando os manifestantes, colocando as mãos nos olhos e fingindo chorar, o que gerou bastante revolta no lado oposto. 

"Isso foi depois que eles quebraram o acampamento. Antes deles atacarem, não saiu nenhuma provocação nossa", disse Bibiana. "Nós também gritamos 'Fora Temer'. Também queremos o fim da corrupção, mas não somos indignados seletivos", acrescentou. 

Do outro lado, o militante petista Rafael Monico, 30 anos, afirmou que um rapaz acampado em frente à sede da Fiesp iniciou as provocações. "O que acontece é que, na hora em que o ato foi chegando, um rapaz saiu dali  (das varracas) com um pedaço de pau e quis agredir duas ou três pessoas. E aí começou a confusão". 

Monico negou que o grupo tenha provocado os que estão acampados ali desde março. 

"A decisão era passar pela Paulista inteira. A Paulista é do povo. A Paulista é hoje aberta para o povo de forma democrática para que todos possam se manifestar politicamente e culturalmente. Foi isso que fizemos hoje. Sabíamos que, ao passarmos por aqui, teríamos isso, mas não podemos deixar de passar porque tem um pessoal aqui que é contra", acrescentou. 

"Eles (também) defendem o 'Fora Temer', mas nós achamos que isso é um golpe e eles não. Temos uma questão que é muito clara: o Temer está aí há 72 horas e já mudou muito o governo, tirando mulheres e negros. E nós defendemos a democracia." 

Os manifestantes contrários ao impeachment fizeram hoje uma grande caminhada por São Paulo. O protesto foi iniciado por volta das 15h20, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, passou pela Rua da Consolação e foi até a Praça Roosevelt, onde os milhares de manifestantes presentes ao ato fizeram uma rápida assembleia e decidiram voltar para a Avenida Paulista, subindo pela Rua Augusta. 

O ato seria encerrado na frente da Fiesp, onde eles chegaram por volta das 18h. 

Na Fiesp, os manifestantes sentaram no chão e gritaram palavras de protesto contra a entidade, dizendo que ela apoiou a ditadura e o impeachment de Dilma. 

Parte dos manifestantes decidiu continuar em caminhada pela Paulista, sentido Paraíso, quando se encontraram com o grupo acampado ao lado da Fiesp desde março e que apoiou o impeachment de Dilma. Os grupos se provocaram e se empurraram até que outros manifestantes tentassem separá-los. 

Neste momento, parte do grupo de manifestantes contrários ao impeachment permanece em frente à sede da Fiesp e, vez ou outra, provocam ou são provocados pelos manifestantes a favor do impeachment.

 

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